VINDE VER!

Movidos pelos incentivos

A motivação é essencial para a condução dos mais variados comportamentos exibidos diariamente pelos actores sociais. Qualquer que seja a acção grande ou pequena, digna ou indigna, há, por detrás, um motivo, considerado assim como a razão de ser, de tal procedimento. Se, por ventura, faltar este ingrediente ou mesmo descer de percentagem, logo de imediato aparecem as mudanças dentro daquele respectivo ambiente. Daí ser considerada como a "energia da vida". O entusiasmo e o encanto completam este quadro tão desejado para a realização da missão conferida a cada um, em ordem às suas reais competências. E quando há correspondência entre a realização das tarefas, obrigações e a satisfação dos resultados alcançados, então acontece o processo de retro-alimentação desta mesma energia possibilitando abrir novas expectativas em vista a futuras aquisições. O trabalhador que assume e cumpre a sua missão com brio, zelo e dedicação, transparece que é movido por este processo motivacional. Mas quando as suas condições de vida não reflectem o esforço que realiza e não recebe em compensação o equivalente para prover as suas necessidades em função do trabalho que realiza pode surgir a insatisfação e o desequilíbrio destas duas forças. Facto este, que faz com que deixe de existir a retro-alimentação da motivação — e as sucessivas greves que em vários sectores da vida social vão aparecendo é um aviso para quem é gestor de recursos humanos e financeiros sobre a violação, desfasamento e perda de esforço do capital humano que fica parado, ou melhor a ver "passar comboios". Ou navios também.

Em pouco menos de dois meses assistimos à greve dos professores, mais recentemente outra a dos oficiais de justiça. Nestes casos não se trata de falta de motivação inicial, mas sim falta de retro-alimentação da mesma, na sequência deste processo de cooperação entre as duas partes.

O primeiro trimestre lectivo está concluído, começaram a chegar as notas dos estudantes. Vai chegar aos olhos dos encarregados de educação o fruto colhido no campo da inteligência depois do trabalho realizado na escola, numa acção conjunta entre professor e aluno. O incentivo de certa maneira estabelece alguma fronteira entre uns e outros. Por um lado, alimenta a motivação de quem trabalhou e é agora digno merecedor; e por outro lado, ficam privados dele aqueles que não produziram através do trabalho quando era tempo de o fazer. Neste caso, estes últimos necessitam de um reforço.

A apresentação dos resultados escolares tem sido para os que estudam na nossa escola um momento festivo, pois o incentivo acompanha esta bela acção de premiar o esforço a dedicação e o mérito do rapaz. A retro-alimentação da motivação funciona neste contexto educativo. E torna-se exemplar para que outros tantos venham a juntar-se ao grupo dos que gostam de trabalhar e estudar. Não se trata de mercantilizar a educação. Não. A verdadeira educação não é matéria que se compra, nem se vende. E para que não reste dúvida sobre este assunto, digo mais; "não é toma lá, dá cá". É simplesmente COMPROMISSO. A educação sem compromisso entre educador e educando é perca de tempo, é recreio desnecessário. Um sistema de ensino e aprendizagem que não tenha metas claras, objectivos a alcançar a curto, médio e longo prazo, não passa de um sofisma moderno que beneficia o sistema montado para explorar os mais fracos - aqueles que mesmo indo à escola continuam a não saber. E o mais grave ainda é que nem são reforçados, nem motivados. Os maus resultados faz com que sejam forçados a abandonar no meio da trajectória o percurso começado. Vamos de mãos dadas incentivar com pequenos ou grandes gestos e então o progresso individual e social começará a brilhar como sol depois de um dia chuvoso. A conclusão é de Pai Américo "como é difícil recuperar almas tocadas de miséria! Difícil formar a pessoa, é! Difícil construir o que o mundo destrói"!

Padre Quim