VINDE VER!

Voto de confiança

Ganhar a confiança de outra pessoa não é tarefa fácil, sobretudo nos nossos dias em que o ser jovem, é ser confundido com ser incompetente, sem experiência, ou seja, um simples mancebo, ou novato no ofício. Que erro grave! Por cá encontramos-nos nas vésperas das eleições do Presidente da República do Vice-Ministro e dos Deputados. Tudo feito de uma só vez. Com uma cacetada matam-se três coelhos em Angola. Na nossa Casa foi montada uma Assembleia de voto, a comunidade dos arredores fará o seu exercício patriótico na nossa escola. Os nossos rapazes também fizeram o seu registo e farão parte deste processo de cidadania. Já todos os que completaram dezoito anos sabem a mesa onde se irão dirigir para tal fim.

A confiança constrói-se, não se caça, como se faz com a presa encurralada no meio do mato. O nosso povo vive esperançado em dias melhores. A Nação inteira geme as dores da maternidade, para dar à luz pelo menos um futuro digno aos seus filhos. Os da Casa do Gaiato também são parte deste filhos que ainda não tomaram parte à mesa dos filhos desta Angola sofrida.

Quando pergunto sobre a disponibilidade e vontade para escolher alguém de confiança para dirigir o futuro da Nação, inquieta-me a reacção dos jovens que são os mais afectados pelos diferenças sociais entre os irmãos. Sem casa nem trabalho digno vagueiam pelas ruas construindo crimes sobre crimes. Cansados de lutar e desesperados pela mudança, trilham os passos da indiferença por uma causa que a todos diz respeito. E a marcha continua. Dizem os simpatizantes que a vitoria é certa. E a incerteza se instala.

Não foram poucas as promessas feitas. O cumprimento sabe Deus quando. Os políticos andaram à caça ao voto. Foram ao encontro das populações a pedir a confiança para os próximos cinco anos de poder. E o serviço? Como se está longe da lógica do Evangelho. «Aquele que quiser ser o maior, há-de ser o servo de todos». Para muitos, loucura; para alguns, escândalos e só para uns poucos, vida.

Projectos virados à criança abandonada e sem família? A criança não vota, não decide, portanto não conta. A assistência à pessoa idosa ou inválida, uma miragem. Pontes, sim. Viadutos, sim. Estradas, sim. Máquina de lapidação de diamantes, sim. Federalismo, sim. E o homem na sua situação concreta na actualidade? Amanhã vai ser, já começou a ser. A lenha já arde e a chama vai ateada. Pela paz e pela democracia. Mais, ainda, pela paz e pela justiça entre os irmãos. A conclusão é de Pai Américo, «Senhor dos Céus para quem eu vivo, se for necessário dar o peito às balas por amor destas verdades, que são a vossa Palavra, não dou licença de ninguém ir à frente. É justamente a defender causas justas e honestas que os homens se fazem santos e são homens».

Padre Quim