SINAIS

«Perto dos noventa anos, António Baptista dos Santos, nascido na Pampilhosa da Serra, ordenado padre em 1954, desde 1958 responsável pelo Calvário, foi julgado e condenado a pena de prisão, suspensa embora. Foi ainda inibido de contactar com a obra a que durante 60 anos se deu todo, a todas as horas do dia, desvivendo-se para que os incuráveis, os rejeitados, os excluídos, os pobres dos pobres, vivessem»,

Prof. Doutor Walter Osswald.

Sim. Durante 60 anos Padre Baptista acolheu doentes incuráveis - rejeitados pela família e pelo mundo. Acusado injustamente de os tratar mal, sofreu pena suspensa e foi impedido de viver nas casas que ele projectou, construiu e a que assegurou o sustento diário.

No princípio da rampa que leva aos pavilhões dos doentes e no seu canteiro está um velho carvalho rodeado por flores. No meio da rampa e visita de um Senhor Presidente da República - ele se inclinou para nós e falou: «A vossa Casa é a única em Portugal a quem o Estado deve». Subimos e ele viu com interesse os pavilhões com os doentes.

Rampa que Padre Baptista diariamente subia e descia para tratar os seus doentes.

Num parágrafo das Normas de Vida dos padres da Obra, lemos: «Construam-se abrigos para doentes incuráveis que não têm onde viver nem onde morrer».

Padre Américo sonhou com a nossa Aldeia do Calvário, não teve tempo de realizar o sonho. Foi Padre Baptista que ali continuou e o realizou.

Subamos ao cemitério no cimo da colina da mata. Já centenas de doentes ali repousam em paz. Cada campa seu número. Cada um o seu processo. Leiam. Nos processos se vê a vida de cada um.

Padre Telmo