SINAIS
O nosso Fausto é uma bola.
- Apetece-me sempre.
Não é falta de ginástica. Joga bem a bola e corre. Mas aquele apetite...
Veio pequenino de Malanje - magrinho e doente. Julgávamos que fosse uma doença má e veio para Paço de Sousa. Não era coisa má - ele cresceu e ficou bola.
Padre Júlio matriculou-o na escola e ficou barra. É amigo de todos. Não tem complexo de cor. Todos são amigos dele.
Quando vou a Paço de Sousa, beija-me e quenta-me as mãos com as dele, que são brasas; mas meu inimigo à sueca.
* * *
Um gaiato amigo, com sua esposa, encontraram-me na avenida da nossa Casa - casa onde ele cresceu. Só nós na grande avenida. Longe os carros de rolamentos na corrida por ela abaixo... Nem um visitante! Silêncio nas casas... Só nós e uma leve brisa nos plátanos folhudos.
As crianças em abandono são colocadas em lares de acolhimento. Temos que nos virar para os velhos. Imagina os velhinhos nos seus carrinhos de três rodas pela avenida abaixo... Milagres das casas de acolhimento.* * *
No 1.° de Maio um grupo amigo veio até nós da aldeia de Riba Tua - limite dos distritos de Bragança e Vila Real.
- Tão longe!
- Tudo é perto quando o amor liga.
Trouxeram o bacalhau, que as senhoras do grupo, com as nossas batatas, fizeram a delícia do nosso almoço.
Ficamos gratos e felizes por terem conhecido o nosso Calvário - Obra do nosso Padre Baptista.
Esteve também um pequeno grupo de escuteiras que, com a sua presença e simpatia, fizeram do dia um encantamento para os nossos rapazes.
A Missa foi no salão, o que deu alegria aos nossos doentes.
Padre Telmo