SINAIS

Em 1951, fui pároco numa aldeia mirandesa. Vivi, durante um ano, na casa de família de um bondoso lavrador. Nas noites frias, ao calor do borralho, muitas vezes batiam à porta: — Entre quem é. — Sempre a voz do tio Paulino. Muitas vezes era um pobre. Dávamos lugar. Tio Paulino ordenava a ceia. Mais uma acha no lume e continuava a conversa de família até à hora da deita —para todos, um lugar ao quente na noite fria.

Cabem aqui as quatro pedras milenárias para a acção: acolher, proteger, promover e integrar que o Papa Francisco nos propõe na sua mensagem do Dia da Paz (1 de Janeiro) Migrantes e Refugiados: Homens e Mulheres em busca de Paz.

Acolher — mesmo que fiquemos mais apertados ao calor da lareira.

Proteger — «o Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva».

Promover — assegurar a instrução e sua estadia legal: «amarás o estrangeiro porque foste estrangeiro no Egipto».

Integrar — dar aos migrantes e refugiados ocasião de participarem na vida da sociedade que os acolhe.

Sempre o nosso Papa Francisco vai ao cerne onde brilha a luz do Evangelho.

«São mais de 250 milhões os migrantes e refugiados no mundo».

Causas: «guerras, conflitos, genocídios e limpezas étnicas. Também a fuga da miséria agravada pela degradação ambiental.»

Números? Só uma pequena amostra: no Quénia, 250 mil; na Etiópia, 210 mil; Palestina, 110 mil; na Líbia, 42 campos que albergam 700 mil pessoas.

Um jornal alemão publicou uma lista de 33.293 migrantes e refugiados que morreram no Mediterrâneo. Muitos, depois de ultrapassar tantos perigos, enfrentaram-se com paredes de arame farpado.

Padre Telmo