SETÚBAL
Páscoa
A celebração da nossa Páscoa foi muito bonita na sua expressão ritual. Os rapazes ensaiaram as leituras e proclamaram-nas com clareza, compreensão, e tonalidade. As palavras que se deveriam juntar, associaram-nas, e toda a pontuação foi rigorosamente observada. Pareciam actores pela forma como viviam as magníficas lições Divinas.
Os salmos, cantados com o domínio de voz, uma beleza incomparável, entravam na alma de toda a assembleia, elevando-a.
Prepararam o lume, uma brasa a brilhar na escuridão da noite, para ser abençoado e origem da luz, para o Círio pascal.
Como não sou seguro no canto, foi o Danilo, que é mestre, quem entoou "a luz de Cristo", repetida três vezes, em tom sempre crescente, a que o povo responde: "graças a Deus".
O precónio não foi cantado. Em Casa, ninguém conhece o gregoriano, e eu não sou capaz de ensinar esta música litúrgica aos Rapazes, mas nem por isso deixámos de o saborear, dada a forma incarnada com que foi expresso.
O Tríduo Pascal começou na Quinta-Feira à tarde, com o Mandamento Novo, o Lava-pés, o sacerdócio e a Eucaristia, prolongando-se pela Sexta-Feira, com a Via Sacra, às 3 da tarde, e, às 6, com a Leitura da Paixão, as Orações Universais e o ritual da distribuição Eucarística.
Na sala de jantar viveu-se o mesmo ambiente, não faltando, como nunca ao longo destes 60 anos, quem nos oferecesse os borregos, que os Rapazes assaram no forno a lenha, de cozer o pão.
As batatas novas e as ervilhas, primícias da nossa horta, foram bem apreciadas e comidas como prenúncio pascal.
O melhor da festa é sempre o que eles chamam "abono", quantia de dinheiro que lhes ponho nas mãos, para seu uso particular, de acordo com a idade, a maturidade, o empenho na vida e a colaboração nas responsabilidades da Casa.
O grupo de Senhoras
Refiro-me àquelas senhoras que, todas as semanas, vêm até nós, dar um pouco do seu trabalho e carinho.
À segunda ou terça-feira, conforme lhes convém, aparecem duas ou três e um casal, a dar-nos um dia de trabalho. O seu auxílio é precioso.
Normalmente, da parte da manhã, ordenam a roupa lavada. Da parte da tarde, preparam legumes, abóbora, cebolas, alhos e hortaliças, que metem em sacos de plástico, em quantidades correspondentes à sopa de cada dia. A cozinha fica, assim, facilitada, pois estes produtos, congelados, ficam prontos para meter na panela. Estas mulheres têm aglutinado outras duas, nossas vizinhas, que lhes fazem companhia no trabalho e no ideal e levam para fora de nós, o bom ambiente que aqui saboreiam.
À quarta-feira, é dia das senhoras da Quinta do Anjo, Palmela e Aires, as quais são ajudadas, às quinzenas, por um grupo de Sesimbra. Outra gente muito boa que nos ama de verdade e nos beneficia, também, com o seu esmero, esmolas e serviço.
A Junta de Freguesia de Sesimbra faculta-lhes o transporte, colaboração valiosa que só fica bem àquela autarquia, e é de salientar.
Claro que todas estas pessoas são gente da igreja, vêm de graça e pela Graça de Deus.
Para quem quiser juntar-se a estes grupos, aqui fica esta nota.
Padre Acílio