SETÚBAL
Páscoa
As celebrações do tempo pascal decorreram no meio de nós com bastante brilho e conforto. Começaram com uma celebração penitencial, numa quarta feira à noite, com dois sacerdotes de fora.
Não me lembro de aqui, em Casa, ter decorrido uma celebração participada como a deste ano.
Durante a semana santa tivemos connosco o Senhor Padre Fernando que irá assumir, em Moçambique, as gloriosas responsabilidades do Senhor Padre José Maria, falecido há ano e meio. Esta presença sacerdotal encheu-nos a alma, não só pelo dinamismo, mas, também, pela sua coragem e a sua fé.
Quinta-Feira Santa, celebração da Ceia do Senhor. O Senhor Padre Fernando ajoelhou perante os rapazes e lavou-lhes os pés, repetindo os gestos do Mestre aos seus discípulos. Ele que deixara tudo: família, amigos, paróquias e responsabilidades eclesiais na Diocese de Bragança dispôs-se dar a sua vida, nas terras longínquas do sul da África, aos rapazes mais abandonados e aos pobres a morrer de fome e de doença. O Senhor Padre Fernando, depois do décimo segundo ano escolar, em vez de entrar na Universidade e contra a vontade dos seus familiares, quis ingressar no Seminário e fazer-se apóstolo.
Sexta-Feira Santa. Os rapazes leram a Paixão de forma elevada e segura e ele descobriu a imagem de Senhor crucificado, com ritual próprio, para todos a beijarmos.
A vigília pascal a todos sensibilizou aumentando a fé na Ressurreição do Senhor! Enquanto os rapazes liam os quatro trechos do ritual, de forma clara e irrepreensível cinco deles entoaram os salmos, com os seus refrões, elevando toda a assembleia, a qual respondia cantando fervorosamente.
A renovação das promessas do Baptismo, com todos os participantes de velas acesas na mão, trouxe-nos alegria do Senhor Ressuscitado. Os rapazes cantaram devota e entusiasticamente as Aleluias que lhes saíam da alma. Órgão e violas adufe e outros instrumentos simples fizeram lastros ao canto de todas as pessoas.
Páscoa! Páscoa!... O triunfo de Jesus! Pelo Seu caminho, o nosso triunfo aleluia.
Borregos
Não me recordo de alguma vez, pelo tempo pascal, nos terem faltado os borregos para a ceia pascal que comemoramos em Quinta-Feira Santa ou para o Domingo de Páscoa. O do senhor João dos Potes está sempre certo, mas a fonte dos outros varia conforme a Providência.
Este ano, veio um da Venda do Alcaide, duma senhora que foi nossa catequista. Não diremos um borrego, mas um enorme carneiro que os rapazes mataram e prepararam para ser cozinhado. Outro, veio de um vizinho, que pôs as suas ovelhas a comer a erva que restava após o corte do milho nos fins de Setembro.
Os borregos trazem as memórias doces de senhoras, como a Nené Gomes que em tempos recuados nos assegurou, durante dezenas de anos, os cordeiros pascais e as amêndoas.
A Nené está no Céu, mas não se esvaiu de nós uma profunda gratidão, uma acção de graças a Deus e um pedido para que ela seja recompensada na Glória do Pai do Céu.
Além das prendas referidas, a Nené, fazia-se acompanhar sempre de uma quantia em dinheiro cobrada às suas amigas.
A nossa Páscoa é uma passagem para o Céu! LÁ a veremos e beijaremos na Glória de Deus!
Padre Acílio