SETÚBAL

Quero fazer-me um homem

Como todos os verdadeiros pais, somos responsáveis pela educação dos nossos rapazes, por isso, chamados Encarregados de Educação.

À noite, costumo ficar à mesa na aconchegada sala de jantar, oferecendo aos rapazes ocasião para me apresentarem os seus testes que devo assinar e rever, os recados do director de turma sobre a ocorrência boa ou má, autorização para saídas, dinheiros necessários etc.

Naturalmente que um bom no teste, trás consigo um elogio e uma festa irreprimível.

O Jeovanio tem-nos trazido muitos problemas, de tal forma que me vi obrigado a levá-lo a consultas de pedopsiquiatria.

— "Sepacilo", tenho dois testes para assinar! - É muito bom sinal quando um rapaz se me dirige com tanta espontaneidade.

Trazia um suficiente mais e um bom.

No meio da festa: — Então?! O que é isto Jeovanio?

— É que eu quero fazer-me um homem! - A festa também me entrou no coração e a alegria de ambos não se mede.

Apanha da azeitona

As azeitonas, este ano, dão-nos que fazer. É tarefa que surge quando todos estão muito ocupados com o estudo, os empregos e trabalhos inadiáveis.

Um senhor amigo, ofereceu-nos uma máquina nova para ripar o fruto das oliveiras.

Já tínhamos uma, diferente, que deitava abaixo as azeitonas sem ferir as árvores, evitando as tradicionais cacetadas para as derrubar, mas esta é mais eficaz. Tem dois pentes, movimentando-se ao mesmo tempo para cima e para baixo, tomba mais fácil e rapidamente os preciosos frutos da árvore da paz, os quais caem nas redes e são depois entornados para caixas, retirando-se um ou outro pequeno ramo e as folhas.

Não temos prática de conservar a azeitona após a colheita e isto obriga-nos ao trabalho mais rápido para apanharmos quantidade que valha a pena conduzir ao lagar, o qual, fica a uma longa distância.

Contentor para Moçambique

Quando me leres, já o referido deve estar em viagem. Agora, falta-nos apenas, a tonelada de leite em pó.

Recebemos várias ajudas em dinheiro e em materiais.

As sementes de feijão, vieram com muito carinho de uma aldeia perto de Aveiro e eu, não sei se o peso da oferta caiu sobre uma pessoa ou várias. Sei sim, que naquela aldeia há caridade cristã.

Vieram muitos tecidos de Lisboa e de outros lados utensílios de lavoura e de limpeza.

O transitário não ganha um cêntimo. Faz o serviço por amor à Casa do Gaiato.

Como é lógico tudo vai pago. O Património dos Pobres suporta o resto que os donativos não cobriram.

Padre Acílio