PATRIMÓNIO DOS POBRES

Desta vez trago aos meus Leitores um acontecimento feliz, que enche a alma de todos.

Duas raparigas, já mulheres feitas, vieram perguntar-me se eu teria móveis para compor uma casa no Barreiro, que tinha ardido completamente.

- Sim, senhoras. Ide ao salão de festas, que entretanto faz de armazém, e escolhei à-vontade. Sabeis as medidas dos compartimentos da casa?

- Ah!..., não.

- O melhor será irem ver a casa, tirarem as medidas e, depois, fazem a escolha.

Como fiquei contente. Estas moças não pertencem a nenhuma conferência vicentina mas respondem à sua vocação Cristã.

Aliás, na ascendência delas tiveram alguém que abraçou a fé até às últimas consequências, dando a vida e os bens aos pobres e aos doentes, sem guardar nada para si.

Tomou à letra a palavra do Mestre: - Se alguém quiser seguir-Me renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.

Toda a vida desta ascendente foi uma ilustração contínua do conselho divino. Procedimentos desta natureza marcam as pessoas, e as comunidades, e a gente vê essas marcas naqueles que se deixam tocar pelo Espírito, arrastados pelas circunstâncias.

Informo, ainda, que o empenho destas raparigas, já levou outras pessoas, conhecedoras do incêndio, a doerem-se dos vizinhos e a oferecerem, também, alguns móveis e utensílios domésticos, para que, daqui a pouco, quase nada levarão das nossas mobílias.

Já uma ou duas vezes fomos ao Barreiro, buscar móveis e roupa. Agora, elas voltam a fazer o mesmo caminho e a chegarem aos empobrecidos daquela cidade.

É assim a Caridade Cristã que materializa de forma notória, a transcendente Comunhão dos Santos.

Padre Acílio