O GAIATO digital

* Um recanto da Casa do Gaiato de Miranda do Corvo *

Edição de 28 de Abril de 2018 : Ano LXXV : n.º 1934

ERA O ANO I, N.º 5

É trabalho muito demorado e muito doloroso, destruir na criança da rua o hábito da mentira. Ela é a arma com que se defende dos pais e do próximo. Aprendeu no berço. Toma-a como um bem. Antes que conheça e sinta o seu mal, tem de ele mesmo fazer sangue no educador e deixar que nele o façam.

Oh! missão sublime de educar. Oh! segredo divino de transformar em homens de bem, os maltrapilhos da rua.

O rendimento social é de cem por cento, quando o pequenino descobre que está em sua casa; que tem liberdade de ir à cozinha buscar pão; que pode rapar o tacho das papas, solene e descuidado. Quando se vê com anos festejados no dia em que os faz. Quando recebe o prémio das suas acções num passeio a Coimbra, onde vai tomar chá à melhor pastelaria, nas barbas do antigo companheiro, que o saúda deslumbrado:

— Ó coiso, tu estás atestado!

Rende cem por cento, quando ele chama nosso às coisas de casa, por sentir que tudo é dele. Cem por cento, finalmente, quando se sente amado; e isto basta para quem deseja sê-lo e nunca o foi.

O pequenino goza a posse, o domínio, o interesse pela vida da casa. Eles vão alegremente montes em fora, por pinhas e lenha caída, e assim poupar a abatida. Não estragam. Zelam.

Pai Américo


PÃO DE VIDA

O Porto é o Porto!

«… Na verdade, próximo da Sé Catedral portucalense e do Seminário Episcopal de Nossa Senhora da Conceição, ao tempo do santo Bispo D. António Barroso (que o crismou), o rapazito foi-se fazendo um verdadeiro homem cristão. Contudo, as circunstâncias não eram favoráveis, pois tinha-se agravado a questão religiosa depois do caso Calmon (em 17 de Fevereiro de 1901), com motins anti-eclesiais no Porto, que se estenderam pelo País. Em breve relance do seu itinerário, acontece que Américo Monteiro de Aguiar (AMA) tinha deixado o Colégio vicentino de Santa Quitéria, em Felgueiras, considerando a decisão paterna de enveredar pelo comércio e não entrar no Seminário, conforme era seu desejo e manifestado à mãe Teresa. Deste modo, acabou por se orientar com 15 anos para o velho burgo portuense, nos princípios do século XX (1902), onde se empregou numa loja de ferragens, na rua Mouzinho da Silveira. Verificou-se que continuava amigo dos pobres, cuja devoção lhe vinha desde pequenino em Galegos…»

Padre Manuel Mendes


PATRIMÓNIO DOS POBRES

«… Nós não estamos inscritos no Banco Alimentar. Vamos lá quando nos chamam por terem produtos em fins do prazo ou em situação de se estragarem brevemente. Mais nada. O que damos às pessoas carentes, são dons que aqui chegam por Amor de Deus.

O milagre da multiplicação dos pães, repete-se aos nossos olhos diariamente. Há mais de 60 anos que tenho a graça de ser dele testemunha!

As pessoas que nos aparecem vêm carregadas dos sofrimentos mais variados e, algumas, no limite da miséria.

A última sexta-feira amanheceu com intensa humidade e uma chuva miudinha ensopava a roupa de quem se expunha…»

Padre Acílio


DA NOSSA VIDA

«… Na actual realidade social há famílias e partes de outras que, por razões diversas, se desfizeram, de que ficaram especialmente as mães com os filhos a seu cargo e uma vida difícil de gerir, situações que justificam que haja casas na linha do Património dos Pobres que as acolham. Contam-se por muitas dezenas as pessoas que nos procuram com estas dificuldades, para as ajudarmos na renda da casa onde vivem, muitas vezes com alguns meses em atraso e o consequente risco de despejo. Perante a falta de casas de arrendamento social, o Património dos Pobres continua a ser uma resposta, ainda que insuficiente…»

Padre Júlio


MALANJE

Somos Família...

«… Uma Casa de Família: Os gaiatos são tratados como filhos legítimos e criados em um ambiente que respira esse amor - desde que passa o portão. Pais e Mães, são considerados pais e mães ao longo da vida da maioria dos Gaiatos.

Uma Casa Autogovernada: São os gaiatos que assumiram aquele desafio do Padre Américo. Eles querem ser os protagonistas das suas vidas e os arquitectos de uma Obra que nasce de suas mãos. Tudo o que foi aprendido na sua formação é para engrandecer o nome da Obra. Eles são os Continuadores... é o último desafio…»

Padre Rafael


SINAIS

«… Padre Fernando Fontoura já está em Malanje com Padre Rafael. Telefonou. Está feliz. Logo que a minha perna má fique boazinha, irei, para que eles sigam para Moçambique. Para que o Padre Fernando abrace a nossa Casa.

Pedimos ao Senhor Jesus que nos mande outro sacerdote para tomar o lugar da velharia — como dizia o nosso Padre Horácio.

Peçamos todos…»

Padre Telmo


VINDE VER!

Aulas para todos

«… A criança é o futuro da Nação. É vítima da irresponsabilidade dos adultos e destes acontecimentos que transtornam a sua boa educação, tudo porque quem de direito deixou que as coisas pudessem chegar a esse extremo. Vejamos um disparate dos últimos dias, a televisão pública noticiou que, num banco no estrangeiro foi detectada uma transferência ilegal de 500 milhões de dólares, para o beneficio dos filhinhos. Outros tantos terão tido destino semelhante noutras paragens do globo no tempo da sabotagem do País, e na altura não tinham sido dado ao conhecimento público, porque o silêncio era o ganha pão de muitos colaboradores da pilhagem que sofreu o nosso Povo…»

Padre Quim


Uma das casas de habitação dos Rapazes de Benguela

BENGUELA

Vamos amar os nossos irmãos...

«... Este projecto deve constituir a maior riqueza dum coração verdadeiramente humano. Deste modo, estaremos a construir um mundo com dignidade. Vamos para a frente! Doutro modo, poderemos não compreender ainda que a injustiça estruturada é um verdadeiro crime e não advertimos a nossa responsabilidade pessoal. Não podemos calar o mal e, sobretudo, deixar de fazer o bem. O testemunho duma solidariedade total com os pobres de sempre e, dum modo especial, com os que batem à porta do nosso coração, é uma condição essencial para a nossa existência feliz. Vamos amar os nossos irmãos pobres, dum modo especial, e partilhar com eles o que possuímos que não é apenas nosso…»

Padre Manuel António


SETÚBAL

«… Eram duas irmãs de cinco e três anos mais ou menos. Saltavam para cima das camas, os pais repreendiam-nas mas elas não paravam. Pulavam para cima delas e depois, da dos pais e não se cansavam de saltar e rir de alegria! Levantavam as mãozinhas, pulavam e batiam palmas. Ninguém as segurava.

Nunca tinham dormido numa cama! Nem elas, nem os pais…»

Padre Acílio

Pelas CASAS DO GAIATO

PAÇO DE SOUSA

Desporto — Campo — Árvores — Oficinas — Azurara

Joel Correia


BEIRE

Como seria triste o Calvário, se…

«… O NOSSO CALVÁRIO E OUTROS CALVÁRIOS... Paro-me a olhar o nosso Calvário. E os muitos "calvários" em que tantas vezes já me vi. Mais ainda, tantos "calvários" que nos batem à porta, com cruzes bem pesadas. Para desabafar e/ou pedir ajuda. Vidas que são mesmo um calvário! Nem sempre alumiado por essa luz que escorre da Boa Nova da RE+Surreição, anunciada passa já dos 2.000 anos. Alegro-me que o nosso Calvário, no expressivo dizer de Pai Américo, seja "uma palavra tirada do Evangelho", para anunciar uma "obra humana", mas de "sabor divino". Porque, das minhas muitas e variadas experiências, sempre chego à mesma conclusão…»

Um admirador


MIRANDA DO CORVO

Novo Bispo do Porto

75 anos da Casa do Gaiato de Paço de Sousa

Sra. D. Guiomar

Sra. D. Maria do Rosário

Agropecuária

                      Vista Parcial da horta de Miranda                                                                                                                      Rapazes de Miranda


LAR DO PORTO

Conferência de S. Francisco de Assis — Campanha tenha o seu Pobre

Casal vicentino


CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

Peregrinação vicentina a Fátima 2018

«… Ser Vicentino é ir ao encontro das pessoas a quem podemos e devemos, lá onde elas estão, e, nesse contacto pessoal, sentirmos com elas o modo como lhes poderemos ser mais úteis, se possível inspirados pelo Espírito Santo; 4) tal como em Fátima, onde se encontram pessoas diferentes nas suas nacionalidades e condições sociais, mas todas iguais como membros da Comunidade do Povo de Deus, também Ser Vicentino é construir essa Comunidade, tratando todos os seres humanos como iguais e Filhos de Deus e lutando contra todas as discriminações e atentados a esse verdadeiro sentido da dignidade humana…»

Américo Mendes