O GAIATO digital
* A nossa Casa do Calvário *
Edição de 24 de Novembro de 2018 : Ano LXXV : n.º 1949
VINDE VER!
Insegurança Social
«... Era desejo de Pai Américo que cada homem que viesse a ter contacto com a Obra da Rua pudesse encontrar uma porta para conhecer a Deus. Ou melhor, para reconhecê-l'O no rosto dos pobres abandonados, doentes e desprezados por quem de direito tendo sido investido de poder pelo povo para zelar e assegurar os direitos dos filhos indefesos da máquina brutal construída na base de leis injustas, coloca-os neste momento em estado de risco iminente. E o risco é este: iludir os pobres doentes e a sociedade toda de que existe alguma segurança num sistema inseguro desde a sua base ao topo...»
Padre Quim
BEIRE
Um flash do inesperado...
«... Um dos doentes entrou em pânico a gritar e estrebuchar. Resistia ao saque desumano de que estava a ser vítima. Uma das "técnicas da SS" (penso que este SS nada tem a ver com Hitler) ordenou: Tragam-me um comprimido para acalmar este doente. Negamo-nos. Porque esse não é o nosso modelo de lidar com estas situações. Os nossos doentes nunca andam sedados / drogados, para obedecer aos nossos caprichos como robots...»
Um admirador
O NOSSO CALVÁRIO
Visitei há poucos meses duas Obras que são legado do Padre Américo no distrito do Porto: A Casa do Gaiato e o Calvário de Beire. Vim de lá com o coração cheio. Pergunto incrédulo: Como é possível que a Segurança Social tenha uma atitude destas para com uma Instituição exemplar? Que interesses a movem?
Fernando Ferreira
VENHAM COMIGO. ESTOU DISPONÍVEL
Como é possível?! Quem se responsabiliza?! E a como será vendido o Metro quadrado dos terrenos e a quem?! Duvido que a preocupação maior seja os residentes, teriam levado todos. Porquê a pressa?! Eu indico à Segurança Social milhares de casos de doentes abandonados pelos familiares nos hospitais, (e nenhum deles são estes casos graves de demência ou incuráveis que todos rejeitam), eu mostro à Segurança social milhares de doentes a acamados em suas casas, que ficam horas e horas sozinhos, sem vigilância e muitas vezes sem comida e sem medicamentos porque as reformas são uma miséria. Onde estão os Técnicos?! Venham comigo espreitar as janelas dos prédios das nossas cidades grandes e vejam as centenas de cabeças grisalhas e de olhares tristes, abandonados à sua sorte, onde está a Segurança Social?! Venham comigo e com os voluntários das Instituições particulares que substituíram o Estado no Socorro de tanta gente que passa fome, frio e carece de amor, de dignidade e, na sua maioria, já desistiu porque não acredita que o Estado e a sua omnipotente Segurança Social se importe com eles. Estou disponível... venham.
Solidário com a vossa indignação, não só no interesse dos valores da Obra e pelo direito à defesa do bom-nome, contra uma justiça que não é cega mas estrábica e que erra, geralmente, em desfavor dos mais pobres, mas também na defesa da dignidade e bem-estar dos doentes que ocupavam o Calvário e que estavam ao cuidado da Obra.
Luís Aleluia
DA NOSSA VIDA
«... Este desconhecimento da realidade e virtudes do Calvário ou a prevalência de interesses ideológicos ou de outra ordem, levaram a Segurança Social do Estado Português a inverter a missão para que foi criada: em vez de proteger as pessoas carentes de capacidade de autonomia e agregar o tecido social que as rodeiam, exercem clivagens que destroem equilíbrios conquistados, laços humanos e afectivos que a comunhão de vida produziu. Numa sociedade que se quer, cada vez mais, humanamente civilizada, realizam-se acções que nos fazem recuar no tempo civilizacional, a épocas em que a selva era o contexto em que se vivia. O que se passou no Calvário, com esta entrada e saída de rompante, sem olhos e gestos humanos, foi um regresso a esses tempos em que prevalecia a lei do mais forte e o homem era lobo do homem. Senão, vejam-se as consequências... Onde a dignidade humana e o respeito pela liceidade da vontade própria dos nossos doentes e de todos os que os rodeiam? ...»
Padre Júlio
CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
ENCERRAMENTO DA CASA DO GAIATO DE BEIRE (PAREDES) PELA SEGURANÇA SOCIAL: ILEGALIDADE, DESUMANIDADE E FALTA DE VERDADE DE UM ESTADO QUE AINDA NÃO É DE DIREITO
«… Um grupo de técnicas da Segurança Social não se pode apresentar numa instituição que, neste caso, ainda por cima, não depende, nem nunca dependeu, ao longo dos seus 61 anos de existência, em um cêntimo sequer, do financiamento público, para fazer uma inspecção e, no final desse trabalho, proceder como procedeu.
Mais precisamente, o que essas pessoas fizeram foi, sem nenhum mandado judicial, ou outro documento de entidade que fosse competente para o efeito…»
Américo Mendes
PATRIMÓNIO DOS POBRES
«… Nascer num ambiente familiar em casa e nela crescer, até adquirir capacidades para construir ou alcançar, por compra ou renda, um lugar digno para viver, é o objectivo de um verdadeiro homem. O resto é contrariar a Natureza.
Legalmente, é ao Governo que compete ter nas mãos estas iniciativas, as quais se mostram mais evidentes nas grandes Cidades, onde a miséria se avoluma, a indiferença se disfarça e o sofrimento é cada vez maior…»
Padre Acílio
PÃO DE VIDA
Continuação do número anterior…
«… A Eucaristia fomenta atitudes eucarísticas: gratidão pela vocação, desejo de estar com Cristo, entrega pessoal da vida e caridade. O próximo (o outro) também é, assim, lugar de encontro com Cristo, pelo que os gestos de caridade tornam credível o anúncio da Palavra, se há compromisso com os últimos e os mais débeis. Deste modo, na sua formação para o presbiterado, o seminarista vai-se preparando para se configurar sacramentalmente também com Cristo Servo…»
Padre Manuel Mendes
ERA O ANO I, N.º 20
Chegou-nos um pequeno que parece andar na casa dos dez. Ao que apurei, ele tem a Mãe na cadeia, ia comer o rancho às grades e mendigava nas redondezas. Como estamos em maré de piões e há setenta deles a bailar cá em casa, o Manuel, que assim se chama o novo Gaiato, compreendeu num relance que a vida aqui não é para penas e começou a jogar. Na tarde desse mesmo dia, foi visto mais os do campo a comparticipar dos seus trabalhos e infinita alegria. Tem uns olhos cheios de expressão. Narra a tragédia da vida sem saber medir, pela idade que tem, a altura da sua desgraça.
Andava um homem amais nós, mas agora não quere saber.
Era um grupo de pedintes de feiras. A prisão da mulher afastou o homem e ficou o pequenino preso ao amor de mãe, que é o derradeiro a quebrar. Ela reparte do seu minguado rancho, nem se lhe dava de abrir as veias, que o amor tem mais força do que a morte. O ferro das grades, não impede que ela se aproxime do fruto da sua fraqueza. Eu não me atrevo a chamar-lhe fruto do seu pecado; que o digam os mais.
Roubou na feira de Margaride, já está presa há mais de um ano.
Pai Américo
BENGUELA
Corações generosos...
«… Esta mensagem entra, em profundidade, no coração da Obra da Rua, todas as Casas do Gaiato e demais acções caritativas, ao longo das dezenas de anos da sua existência. O segredo da sua fecundidade social está no acolhimento dos donativos feitos pelos corações generosos e transformados em benefício dos mais pobres. A multidão dos filhos da rua, crianças abandonadas, é um verdadeiro tesouro da humanidade. Sem a partilha dos bens dos corações mais ricos e mais pobres não seria possível realizar esta maravilha social. Temos recebido testemunhos sublimes do amor que enche os corações generosos. Graças a este dom tem sido possível a vida das Casas do Gaiato. Continuamos, pois, com muita esperança, a realizar este ideal que tem um eco muito profundo nos corações, sempre abertos para ajudar a Casa do Gaiato…»
Padre Manuel António
SINAIS
«... Rezámos pela nossa família que morreu. Choramos e rezamos, agora, pela família que nos foi roubada.
Entraram com carrinhas, carregaram os nossos familiares e foram.
Alguém sem moral acusou falsamente. E foi a corrida sem verificarem a idoneidade dos acusadores; sem uma verificação e estudo sério da situação. Que pena...!»
Padre Telmo
MALANJE
«… Há coisas que são irrenunciáveis para a Obra da Rua: o protagonismo dos pobres para poder governar e gerir, a liberdade e a espontaneidade para tomar e assumir suas decisões, a responsabilidade para se comprometer com o seu próprio desenvolvimento, a família como espaço autêntico para um crescimento efectivo e equilibrado, a educação e a formação das pessoas em todos os momentos do seu crescimento, a natureza e o amor ao meio ambiente, a formação espiritual fomentadora da dimensão transcendente do ser humano…»
Padre Rafael
Pelas CASAS DO GAIATO
SETÚBAL
«…— Eh! Hoje vamos enganar a Senhora!
Com todo o jeitinho limpam bem a tampa da embalagem, põem um guardanapo por cima, uma pequena colher e lá vão eles felizes pregar a sua partida.
Neste jogo andaram entretidos duas ou três vezes. Na sua inocência, enganar a Senhora era uma proeza... e, para esta, uma delícia ver a alegria dos pequenos catraios…»
Padre Acílio
ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS GAIATOS E FAMILIARES DO NORTE
«… Com estatutos no notário é que passou a ser oficial a nossa Associação. Foi escolhido esse dia que era a data mais significativa na altura e naquele mês, ou seja, o dia em que Pai Américo nasceu. Digamos que se teve que refundar a Associação e refiliar os sócios antigos com novos números, etc... (imposição do Cartório Notarial que era obrigatório em registo a Associação começar do zero)…»
Elísio Humberto
MIRANDA DO CORVO
Agropecuária - Magusto, em S. José - Festa, na Mealhada - O Calvário, em Beire
Rapazes de Miranda