MALANJE
Dez dias na Casa do Gaiato de Maputo – Moçambique
A Irmã Quitéria esperava-me no aeroporto, para me conduzir até à nossa Casa. Antes de entrar, aproximámo-nos de um pequeno jardim, onde se encontram sepultados os restos mortais do nosso Padre Zé Maria. Dali, pode ver-se a Aldeia, construída na ladeira da montanha - a rocha é o seu alicerce.
A nossa Casa do Gaiato de Moçambique tem uma comunidade 150 rapazes, tudo com sabor a Gaiato. A Irmã hospedou-me no quarto que pertenceu ao nosso Padre Zé Maria - tudo estava como ele deixou. Cada recanto fala de um autêntico Padre da Rua que se deu todo a todos.
A Aldeia foi edificada no cimo da montanha para iluminar com sua luz de amor e misericórdia as aldeias circundantes. Em todas elas: infantário e posto médico. Noutras, padaria, serralharia, agricultura... Padre Zé Maria não podia ver crescer os seus filhos sem abrir o coração ao sofrimento do Povo - não descansou sem encontrar meios de construir centenas de casas para famílias desfavorecidas.
Os gaiatos fervilham de alegria e os antigos fazem-se presentes de um modo muito especial, neste tempo em que não há "Pai". Impressiona ver como os «Batatinhas», depois de cada refeição, se levantam e se aproximam para dar um beijo, antes de saírem do refeitório. Carinho maternal, alimento espiritual para estes pequeninos.
Continuamos a rezar para que chegue um padre à nossa Casa do Gaiato de Moçambique. Entretanto, a Irmã Quitéria dá-nos uma lição a todos - como essas Mães africanas que cuidam de tantos e tantos filhos. Para sermos justos, não podemos esquecer todas aquelas pessoas que nunca aparecem, mas estão ali há muito tempo, como é o caso da Maria José e do Raúl... e outras tantas pessoas da Fundação Encontro.
Despeço-me com um "até breve" e agradecido com todo o carinho que trago para Malanje. Rezando para que não faltem as forças à Irmã Quitéria... - e chamando à porta dos corações de tantos padres, de Portugal ou de qualquer outro lugar.
Padre Rafael