MALANJE
As Casas do Gaiato são autênticas famílias. Nelas, são os próprios rapazes os organizadores da vida da Aldeia e assumem o protagonismo do seu desenvolvimento pessoal e social. Nada, nem ninguém, deve ocupar estes lugares, porque é parte do legado do Padre Américo.
Há dias, comentei com os rapazes de Malanje que teria de acompanhar também a Casa do Gaiato de Moçambique. Eles entenderam-no rapidamente, pois uma Casa do Gaiato sem padre, é uma família órfã. Os padres da rua são geradores do amor familiar... fazem sentir nos rapazes essa alegria de se sentirem filhos. Quando falta um padre numa Casa do Gaiato, esta tende a converter-se num internato.
Também, há dias, os rapazes terminaram de eleger os objectivos para este ano e repartiram entre si todas as responsabilidades... Apenas os acompanhamos nesta tarefa que, para eles, faz parte da sua vida quotidiana. Não gostam que estranhos façam trabalhos que podem ser feitos por eles. O mesmo disse Pai Américo, que eles são os verdadeiros continuadores. Se for necessário contratar pessoas, que essas sejam escolhidas de entre os gaiatos mais bem preparados.
Uma Casa de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes... será que não leram bem...
Durante as festas de Natal o padre Aguiar, formador do Seminário de Malanje, foi a Moçambique acompanhar os nossos rapazes, em datas tão significativas... Quem nos diz que, mais adiante não escolherá ser padre da rua?... Há dias, padre Júlio informou-me que temos um novo padre na Obra chamado Fernando. Quem sabe se será ele a assumir Moçambique...
Enquanto tudo isto acontece, há coisas que não param, como a entrada de rapazes em nossa Casa. Este mês de Janeiro já recebemos mais de dez e voltamos a superar a barreira dos cem. Lá fora, esperam mais de trinta.
Padre Rafael