ERA O ANO I, N.º 16

O Padre Adriano começa já a ter quase toda a responsabilidade da Obra da Rua em Coimbra e espera-se que tenha vida autónoma dentro de breves tempos. Há um ano que ele é da Obra. Trazia suas teias de aranha, quando chegou. Um dia, disse-lhe assim: «Olha; é preciso mandar vir todos os meses um saco de farinha a mais, porque noto muita fome no povo do lugar».

- Ah! isso não pode ser. Aumenta muito as nossas despesas.

- Oh! rapaz, cala-te. Não me tentes. Nós estamos aqui para dar. A nossa missão é dar.

Não sei o que se passou na alma do meu jovem Levita. A farinha veio. O pão distribui-se. Nós continuamos a dar tudo, de tudo. Muitas vezes tenho surpreendido o Padre Adriano em ais de espanto: Mas que é isto Senhor! De onde vem tanta coisa!

Caíram as teias de aranha. Fez-se luz. Temos homem.

Não sei quem há-de ser o homem do Porto. Pergunta-se. Fala-se. Discute-se:

- Ai! o Narciso não vai, que ele não é tolo nenhum.

Eu não perco a minha paz. Não são contas do meu rosário. Não madrugo. O nosso Bom Deus é hoje tão bom para a Obra como o foi no princípio. Já me vi mais naufragado e não fui ao fundo! Na hora precisa, há-de aparecer o Homem indicado. Postos de sacrifício, não se pedem nem se oferecem; são de nomeação Divina. Ora eis.

Pai Américo