DA NOSSA VIDA

Chamo-lhe a nossa vida. Não no possessivo, porque não é nossa, mas porque nos foi dado vivê-la. Assim a nossa Obra, que nos foi dado fazê-la. Da vida e Obra somos administradores, não proprietários. Este, é o Criador, o Senhor, que a tudo dá vida e conserva como Pai Providente.

Não nos compete preocuparmo-nos com o dia de amanhã, mas trabalharmos para que ao dia de hoje e aos que hão-de vir, não falte a nossa plena dedicação, que o Senhor da vinha providenciará no que não está na nossa mão alcançar.

Tem sido assim desde o início, no que à Obra diz respeito. Pai Américo era claro no sentido que tinha a sua vida e Obra: «O Padre Américo é um manietado como todos vós. Vai. Impelido. Impelido. Cumpre o mandado. Nós somos mandados. É Deus que escolhe a hora. Que escolhe o lugar. Que dá o toque. Que ajuda a realizar e termina a realização. É preciso que se compreendam estas verdades eternas para não atribuir as obras, a pessoas que não são os autores. Nós somos apenas os executores. É preciso pôr Deus no Seu lugar!».

A todos aqueles que, hoje, na sua boa intenção se preocupam com as dificuldades por que passa a nossa Obra, com as suas carências, especialmente humanas, que limitam e dizem da nossa pobreza, os animamos à confiança da Providência divina, que não deixa de cuidar dos pobres a quem enviou o Seu Filho anunciar a Boa Nova, e nos deu semelhante missão de O servir neles. Este é o sentido fundamental de Igreja missionária a que pertencemos, onde quer que estejamos.

Que será da Obra quando o Padre Américo morrer?, era a preocupação que já no seu tempo punham a si mesmos e lhe apresentavam, muita gente de boa vontade e inquieta. Outros iam mais longe afirmando convictos que quando o Padre Américo morrer, adeus Obra da Rua. Pai Américo sempre respondia que a Obra da Rua não era obra sua; a Obra é de Deus. Ele era um impelido: «Esta Obra, que se chama da Rua, é uma revelação actual e oportuna do Eterno. O Deus que fez a Obra desde os seus princípios, que a levantou desde os alicerces, não morre... É absolutamente necessário que se perca o hábito de chamar Obra do Padre Américo a uma Obra que é toda e somente de Deus.»

Tal como ao longo dos anos a sua visão da realidade era acutilante, vendo-a ao contrário do senso comum que não penetra para além da superfície, também a realidade da morte não é um fim mas um novo começo em Deus, que o leva a afirmar a minha obra começa quando eu morrer.

Padre Júlio