DA NOSSA VIDA

Portas Abertas

Muitas foram as tentativas ao longo da história, para eliminar da vida das pessoas a sua intrínseca ligação ao seu Criador. Grandes revoluções sociais e políticas o tentaram inutilmente. De facto, o homem não pode cortar a sua ligação existencial a Deus, sob pena de ficar só e cair no vazio.

Hoje, com o mesmo objectivo e desde muito cedo, pretende-se reduzir a nada o valor do apelo sobrenatural que ferve em cada ser humano. É tanto assim que, na educação das crianças e jovens, particularmente nas que estão sob a alçada de organismos do Estado, não se aceita que na educação das mesmas se dê espaço e importância à educação espiritual de cariz religioso. Este lado da educação é equilibrador da vida. Colocar a criança e o jovem no caminho do seu crescimento como criatura de Deus, ao invés de o reduzir a mera criatura temporal, abre-lhe os horizontes que são seus, pois a dimensão sobrenatural do ser humano é-lhe intrínseca; ele não é somente um ser natural.

Se as crianças e jovens em meio normal de vida, podem receber nas suas famílias uma educação onde a dimensão religiosa é cultivada, as que pelos condicionalismos das suas vidas não vivem nesse meio, porque terão de receber uma educação laica, onde a dimensão religiosa é completamente banida?

No que nos diz respeito, de forma livre e em ambiente familiar, aos nossos Rapazes é aberto o caminho do seu crescimento pessoal e comunitário aos apelos que os impelem, tanto no plano da vida natural, como na sobrenatural, esta entendida como reconstituição da harmonia de vida com Deus.

É, por isso, hábito nosso, particularmente no Tempo litúrgico em que se celebra o Dom comunicado por Cristo Salvador, na Sua Páscoa, de questionar os nossos Rapazes sobre o seu desejo de receberem este Dom pelo Baptismo, e assim começarem a empreender o seu caminho de crescimento como filhos de Deus.

A sua adesão, inteiramente livre, condição sine qua non para ser autêntica e verdadeira, foi desta vez desejada por cinco dos nossos, mas só dois puderam receber o sacramento da vida nova pelo qual se nasce de novo, ficando os restantes para mais tarde devido a impedimentos involuntários de ordem familiar.

Assim como na ordem natural da vida não é fácil o crescimento, também na vida sobrenatural muitas provações e lutas se encontram no caminho para a plena realização. Sejam por isso importantes, neste campo, os cuidados a ter, que Pai Américo ilustrou ao dizer: «a vida religiosa nas nossas comunidades seja o centro».

Padre Júlio