DA NOSSA VIDA
Casa do Gaiato de Paço de Sousa
Se o abecedário começa com um A, e é dele que se constroem todas as palavras, a nossa Casa do Gaiato de Paço de Sousa começou a sua construção com três: António, de Celorico; Amadeu, de Elvas; e o Adolfo, de Coimbra. Todos eles vindos da nossa Casa de Miranda do Corvo, foram três Ases que ergueram a bandeira para uma nova conquista, sonhada por Pai Américo, para os rapazes das ruas do Porto, e que depois se alargou num abraço a muitos outros de todo o Portugal e além.
Foi há 75 anos, mais precisamente no dia 31 de Maio de 1943, que estes três fundadores/pioneiros pisaram, com Pai Américo, o solo onde se construiria, em menos de três anos, a Aldeia dos Rapazes de Paço de Sousa.
Nada se construiu a partir do zero. Antes que a construção tivesse o seu início, já no peito do fundador estava o seu alicerce fundamental: o Santíssimo Nome de Jesus. Em nome d'Ele, inspirado por Ele, providencialmente sustido por Ele se lançaram os alicerces e se conduziu a obra.
Parecendo, aos menos sensíveis, exclusivamente obra humana, ela é, de verdade, obra humana com sabor divino. Este sabor que a destaca de tudo o mais feito com o mesmo fim, foi-lhe dado e renovado por aquele que a gerou no seu peito, dando-lhe o ser e o crescer - Pai Américo.
«Eu quisera que a Casa do Gaiato fosse um monumento de fé, aquela mesma que o Apóstolo define como sendo o fundamento das coisas que se esperam e a demonstração das que se não vêem; de tal sorte que o visível seja feito do invisível.»
No primeiro ano «demos 509 contos aos trabalhadores das redondezas e outro tanto foi distribuído por indústrias que nos fornecem o material. Sentamos actualmente 70 pessoas à mesa. Cultivamos a nossa quinta. Temos a nossa escola. Publicamos "O Gaiato" que fala e sente como eles.
Mas onde é que ele vai arranjar tanto dinheiro? — exclama o mundo apavorado. Sim, onde?... Mestre, se assim é, quem pode salvar-se? A Deus, tudo é possível, foi a resposta de Jesus aos homens do seu tempo. Pois deixo aqui a mesma resposta a todos quantos duvidam. A tal ponto se esqueceu o Evangelho, que o vivê-lo é escândalo.»
Nestes 75 anos, foram cerca de um milhar e meio os Rapazes que aqui viveram e cresceram em humanidade, construindo a Obra que é deles, para eles e por eles. Foram Padres e Senhoras que aqui deram a sua vida realizando a sua vocação. Foram Amigos que na partilha dos seus bens fecundaram as suas vidas. Foi um manancial de vida vivida em milhares de dias, continuada no Tempo sem tempo...
Foi também este um lugar de mártires, de heróis, de santos, e assim há-de continuar.
Padre Júlio