CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

Idosos

A notícia de um casal de idosos encontrados mortos na casa onde viviam na Rua do Loureiro, no Porto, fez-nos pensar, outra vez, no gigantesco trabalho social que está por fazer e que será cada vez mais necessário em prol deste grupo da população cada vez mais numeroso e cada vez mais frágil, nos tempos que aí vêm.

Os idosos sempre estiveram e estão muito presentes no trabalho da nossa e doutras Conferências Vicentinas. As situações que carecem de ajuda são muito variadas. Não dá para as referir todas, mas aqui vão algumas delas.

Há aquelas pessoas que trabalharam duramente a vida toda, fora de casa ou em casa, a cuidar dos seus familiares, tendo passado por muitas dificuldades. Nesta fase final da sua vida, em vez de terem um merecido descanso e um alívio nessas dificuldades, o que têm pela frente é uma continuação e agravamento nessa dureza da vida. Há os que são abandonados pelos seus familiares ou que têm familiares que poucos cuidados lhes podem prestar. Há mesmo as situações ao contrário, onde são os idosos, já com poucas forças físicas e com pouco recursos materiais, a terem que acudir às necessidades e às desgraças de familiares seus mais novos. Há os muitos que têm pensões de reforma ou outros rendimentos que não chegam para poderem ter uma vida condigna. Há os que estão na eminência de entregarem as casas onde vivem ao senhorio sem saberem para onde poderão ir a seguir, ou os que têm um sítio para viver que é seu, mas que pouco mais rendimentos têm para viver do que usufruir deste espaço. Depois há os muitos com estes problemas, ou sem eles, mas que vivem em estado de solidão, nas suas casas, em lares onde foram colocados, ou noutros sítios. Alguns morrem, sabe-se lá como, às vezes sem os próprios familiares e vizinhos darem por isso.

Temos tido, estamos a ter e iremos continuar a ter por cá várias destas e doutras situações. Pode-se dizer que os idosos são mesmo o grupo social a quem se destina a maior parte da actividade da nossa Conferência: Não devemos ser caso único. A Missa e o almoço que todos os anos lhes dedicamos, como foi o caso há dias, é um símbolo dessa dedicação que temos por eles, dedicação que, obviamente, não se resume a esse dia, tendo bem a noção de que o que fazemos é pouco e que é necessário muito mais e melhor tanto da nossa parte, como a parte da sociedade em geral.

Américo Mendes