CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

Ainda sobre a gratidão

Hoje voltamos ao tema da gratidão de que já falamos numa das últimas crónicas. Ele vem a propósito do que aconteceu, há dias, com um dos nossos Vicentinos, quando visitava a pessoa que está a acompanhar. Essa pessoa agradeceu a ajuda que a nossa Conferência lhe tem dado, mas disse que, agora, já não precisa de mais ajuda material. Disse, também, que queria contribuir, daquilo que agora tem, para que possamos ajudar outros que precisam.

Não é frequente que quem ajudamos nos diga que já não precisa da componente material dessa ajuda, quando esta ajuda deixa de ser necessária. É menos frequente ainda que as pessoas que acompanhamos, quando deixam de precisar dessa componente material da nossa ajuda, nos digam que querem passar a contribuir para ajudar outros, sendo que, certamente haverá alguns que o farão sem no-lo dizer.

Mais ou menos pela mesma altura em que isto aconteceu, falamos com uma jovem que dedicou um ano da sua vida ao voluntariado num bairro pobre, em Angola. Perguntamos-lhe porque é que fez isso. Ela disse-nos que foi porque achava que tinha o dever de retribuir desta maneira à família, os estudos e tudo o que de bom tinha tido, até então, na sua vida.

Outra ocorrência que, de certeza, também é deste género foi o ter-nos aparecido na caixa do correio um envelope anónimo com 760 euros só com uma nota a dizer que era para os nossos Pobres.

Podíamos juntar a estes exemplos os de todos os nossos leitores que também partilham do que têm, quantas vezes sabe-se lá com que dificuldades, para que possamos ajudar as pessoas que acompanhamos.

Se, tal como no milagre da multiplicação dos pães, cada um partilhar do muito, ou do pouco que tem com o próximo que precisa de ajuda, não haveria nem pobres, nem outras pessoas socialmente excluídas.

Américo Mendes