CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

ENCERRAMENTO DA CASA DO GAIATO DE BEIRE (PAREDES) PELA SEGURANÇA SOCIAL: ILEGALIDADE, DESUMANIDADE E FALTA DE VERDADE DE UM ESTADO QUE AINDA NÃO É DE DIREITO 

Mesmo que a Segurança Social tivesse todas as razões para encerrar a Casa do Gaiato de Beire (Paredes), o que não é verdade, a forma como o fez é uma ILEGALIDADE e uma DESUMANIDADE, assentes numa FALTA DE VERDADE.

Um grupo de técnicas da Segurança Social não se pode apresentar numa instituição que, neste caso, ainda por cima, não depende, nem nunca dependeu, ao longo dos seus 61 anos de existência, em um cêntimo sequer, do financiamento público, para fazer uma inspecção e, no final desse trabalho, proceder como procedeu.

Mais precisamente, o que essas pessoas fizeram foi, sem nenhum mandado judicial, ou outro documento de entidade que fosse competente para o efeito, disseram que iam carregar, de imediato, os doentes incuráveis da instituição para carros e carrinhas e levá-los sem dizerem para onde e sem que houvesse sequer tempo para que todos levassem, pelo menos, a medicação de que precisam diariamente.

Isto foi feito quando já começava a escurecer e com esses doentes apanhados de surpresa e a reagirem contra o que lhes estavam a fazer.

Habituados a conviverem diariamente uns com os outros e a entre-ajudarem-se, estão agora não se sabe aonde, nem como, divididos em grupos, separados uns dos outros. Os poucos que as técnicas da Segurança Social não levaram nessa altura choram todos os dias pela falta dos seus companheiros.

Os familiares também foram apanhados de surpresa. Mesmo que a Segurança Social apareça agora com algum mandato judicial, ou ordem escrita de outra autoridade que possa ter competências nesta matéria, o que, até este momento ainda não aconteceu, isso nunca apagará a ilegalidade que essa instituição pública cometeu na tarde do passado dia 7 de Novembro. Por isso, se vivemos num Estado de Direito, impõe-se que quem fez isto seja devidamente punido.

Para além da ilegalidade e da desumanidade do que a Segurança Social fez nesse dia, está a falta de verdade do argumento principal que as técnicas dessa instituição invocaram para o encerramento da instituição que é uma alegada "falta de vigilância" dos doentes. Isto é redondamente falso. Há vigilância 24 horas por dia, todos os dias.

Por isso, o que se passou na tarde desse dia 7 de Novembro na Casa do Gaiato de Beire (Paredes) foi UMA ILEGALIDADE, UMA DESUMANIDADE e UMA FALTA DE VERDADE que mostram que, no país em que vivemos, ainda há muito por fazer para que seja, de facto, um Estado de Direito, respeitador dos Direitos Humanos e da Verdade sem a qual esses Direitos nunca poderão ser garantidos.

Américo Mendes