CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
INCENTIVAR A PARTILHA E CAPACITAR, EM VEZ DE PROMOVER O EGOÍSMO E A DEPENDÊNCIA
A pessoa que mora nessa casa foi sempre paciente, muito asseada e nada descuidada com a habitação que lhe foi concedida. Agora que a situação do telhado ficou ainda pior com telhas que se foram quebrando é mais do que tempo e é mais do que justo que seja feita uma reparação como deve ser nesse telhado.
A pessoa em causa não tem meios para custear essas reparações, mas tem familiares que já se disponibilizaram para colaborar naquilo que estiver ao seu alcance. É assim que todos os moradores de casas do Património dos Pobres deveriam proceder, mas nem sempre acontece.
Ainda sobre casas do Património dos Pobres da paróquia, a nossa Conferência Vicentina tem prosseguido o trabalho de colaboração com o Conselho Económico Paroquial no sentido de que haja um contrato de comodato celebrado com todos os moradores dessas casas. É preciso que esses moradores tenham bem a noção de que as casas não são deles, nem são para deixar em herança aos seus filhos e netos. As casas do Património dos Pobres são isto mesmo: são património da comunidade paroquial que as coloca ao serviço dos seus membros mais pobres e enquanto estes delas precisarem. Quem estiver numa casa destas e tiver possibilidades de poder estar noutra casa, está a ser egoísta e está a cometer uma falta contra os seus irmãos mais necessitados.
Por fim uma nota sobre uma das pessoas que a nossa Conferência acompanha há já bastante tempo e que não tinha trabalho fora de casa. Há dias encontrou emprego graças ao olhar atento de um dos nossos Vicentinos. Já há muito tempo que essa pessoa precisava desse trabalho, por razões económicas, mas não só. Talvez por causa dos traumas que teve na sua vida, é alguém que tende para um estado de inércia e de dependência dos outros no qual não pode, nem deve continuar. Quem dera que este trabalho a ajude a dar um passo em frente na sua vida no sentido de poder ser mais autónoma.
Não nos é fácil incentivar a partilha, a começar pela partilha dentro das próprias famílias alargadas das pessoas que acompanhamos. Também não nos é fácil romper círculos viciosos de dependência nos quais as pessoas que acompanhamos estão enredadas. Há que dizer que muitas vezes não o conseguimos, mas também há que dizer que é isso que procuramos fazer, mesmo que falhemos muitas vezes neste esforço.
Américo Mendes