BENGUELA
Pai Américo
A Obra da Rua celebra, no dia 16 de Julho, a memória de Pai Américo. Neste dia, em 1956, Pai Américo nasceu para o Céu, onde vive, assim acreditamos. Por isso, todos os ramos da Obra da Rua vivem este dia, em profunda comunhão com Ele. A nossa Casa do Gaiato de Benguela que Pai Américo não viu com os seus próprios olhos, foi concebida no seu coração de Pai. Por isso, este dia é vivido por todos os seus filhos com o coração em festa. Pai Américo fundou as Casas do Gaiato para serem a casa de família dos filhos abandonados. São os filhos da rua que podem ter alguém da família, mas vivem como se não tivessem, entregues à desgraça do abandono. O Calvário, casa de família dos doentes incuráveis, também abandonados, nasceu do seu coração, queimado pelo fogo do amor. Este ramo da Obra da Rua ainda não nasceu em Benguela. Encontrei-me, pessoalmente, com Pai Américo, dois anos antes da sua morte. Acolheu-me com o coração cheio de alegria para trabalhar na Obra da Rua. Quando cheguei a Benguela para fundar a nossa querida Casa do Gaiato, há 54 anos, o Calvário também entrou no mesmo projecto do meu coração. Muitos doentes incuráveis, sem família, batiam à porta do hospital. As camas do hospital, porém, são destinadas aos doentes com esperança de cura, Os que são incuráveis e não têm família para onde vão morrer? Se não tiverem uma casa que os acolha, acabam por morrer debaixo das árvores e nos vãos das escadas. Esta situação desumana, no tempo de Pai Américo e agora, também, tem uma resposta no Calvário. É a Casa de família dos doentes incuráveis, pobres e abandonados. Por isso, este projecto continua vivo em nosso coração. São necessários corações que se entreguem, sem reservas, por amor a estes nossos irmãos. O Património dos Pobres foi outro ramo que nasceu no coração de Pai Américo. Muitas famílias pobres não tinham casa para viver. O movimento do Património dos Pobres brotou, também, do amor que enchia o coração de Pai Américo. Estes movimentos continuam a ser necessários, na hora actual, para salvar vidas humanas. O Amor verdadeiro a circular nos corações solidários é o segredo para ajudar a resolver estas situações aflitivas, na actualidade.
Pai Américo continua muito actual, nos nossos dias, com a mensagem que encheu a sua vida. A nossa Casa do Gaiato de Benguela nasceu há 54 anos. O número de crianças abandonadas continua a crescer. São necessárias mais Casas de Família para acolher a multidão de filhos da rua. A solução radical passa, contudo, pela mudança dos comportamentos daquelas mulheres e homens, jovens, sobretudo, causadores desta desgraça social. Entretanto, são precisas mais Casas do Gaiato. Faltam vocações, impelidas pelo amor verdadeiro, que estejam dispostas a dar as suas vidas pela salvação humana dessa multidão de crianças abandonadas. Entretanto, queremos fazer tudo o que for possível com a ajuda dos vossos corações. Num momento aflitivo da vida da nossa Casa do Gaiato de Benguela, recebemos um telefonema da nossa querida amiga D. Leonor a comunicar-nos que tinha depositado uma quantia no Banco para as despesas necessárias. Foi uma ajuda admirável. Deste modo, com os dois depósitos de 600.000 Kwanzas, foram resolvidos alguns problemas urgentes. Foi, sem dúvida, uma participação muito querida e muito importante na Festa da celebração do dia de Pai Américo. É a revelação do seu coração de mãe para com estes filhos. Quem ama verdadeiramente a Criança da rua compreende que ela tudo merece do nosso amor. Os pais e as mães que amam, de verdade, os seus filhos, estremecem de dor ao conhecer a sorte dos pequeninos da rua e querem amá-los de todo o coração. A nossa Casa do Gaiato de Benguela quer fazer destes filhos homens dignos da sociedade. Esperamos, como sempre, a ajuda de cada um dos vossos corações. Deste modo, também participaremos na Festa de Pai Américo, a celebrar mais um aniversário da sua partida, deste mundo, para o Céu. Está connosco a presidir à celebração da Eucaristia da Festa o nosso querido D. Óscar, Bispo emérito de Benguela. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos e mais velhos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.
Padre Manuel António