BENGUELA

Fazemos o que podemos…

As crianças pobres e abandonadas, nestes dias do mês de Junho, estão a ocupar os corações de grupos de pessoas responsáveis pelo bem social. É necessária, sem dúvida, uma mudança do comportamento pessoal. Os pais dos filhos devem assumir a responsabilidade pela sua criação. É, sem dúvida, uma desgraça social o que está a acontecer. O pai abandona o lar. A mãe sente-se incapaz de levar para diante, sozinha, a educação dos filhos. O abandono é o resultado que constitui uma desgraça social, em que os filhos são as vítimas inocentes. A comunidade humana não pode ficar indiferente, perante esta situação muito grave. Por isso, os encontros de grupos que sentem esta dor nos seus corações, no sentido de ajudarem a resolver este grave problema social, é um bem que deve ser estimulado. Fazem encontros e conferências, no sentido de sensibilizarem os corações para este problema social. A nossa Casa do Gaiato de Benguela é testemunha desta situação aflitiva, com os pedidos constantes para acolher os filhos abandonados. Fazemos o que podemos. Contudo, as limitações são impressionantes, devido à falta de empregos para os filhos mais velhos que estão na idade de saírem da nossa Casa do Gaiato. Necessitam dos meios necessários para viverem a sua autonomia com dignidade. Vivemos, deste modo, com o coração a sofrer, mas com esperança. É, sem dúvida, uma ajuda muito preciosa que se dá à vida da nossa Casa do Gaiato.

As crianças pobres que têm as suas famílias regulares também são lembradas nos encontros que estão em curso. A vivência desta solidariedade social é, sem dúvida, necessária como sinal do amor que é fonte de vida e de justiça social. A partilha dos nossos bens pelos mais pobres e pelas Instituições sociais que se dedicam aos mais necessitados é, sem dúvida, uma manifestação do amor fraterno que deve encher os nossos corações. Acompanhamos, com muito interesse, o trabalho que está a ser feito, a nível comunitário, pelas crianças abandonadas e mais pobres. Acontece, muitas vezes, que os pais vivem prostrados no sofrimento, porque não têm o necessário para que os seus filhos se formem como pessoas humanas. Muitas crianças pobres estão a frequentar gratuitamente a escola e a creche com a nossa ajuda. É, sem dúvida, uma forma muito digna e compensadora para manter a dignidade humana desses filhos pobres. Vamos, pois, sentir-nos todos solidários com esses grupos que estão a dar o seu tempo e os seus cuidados para sensibilizar todos os corações no sentido de ajudar os filhos abandonados e os mais pobres. É uma forma de promover os direitos humanos e evitar a queda na escravidão.

Há miseráveis adultos que nos batem à porta a pedir socorro, com muita insistência. Ontem, fui ver a casa, onde mora algum deles. É, sem dúvida, impressionante a degradação verificada. Uma grande parte das residências são barracas, sem o mínimo de dignidade para a pessoa humana. Estou a lembrar o Movimento do Património dos Pobres, um tesouro da Obra da Rua, virado para a promoção das residências pobres, mas com dignidade, para os que não tinham onde viver. Esta solução, a favor da dignidade humana, na residência habitacional, seria possível com a colaboração dos grupos comunitários. O Património dos Pobres é chamado a promover a substituição das barracas residenciais por casas humildes, pobres, mas com o mínimo de dignidade humana. Causa, sem dúvida, sofrimento a visão das crianças a crescer em barracas, sem o mínimo de condições humanas. A Casa do Gaiato de Benguela não tem possibilidades financeiras para ir mais além. Tem o seu coração a sofrer e quer contagiar os corações de cada um de vós.

A Escola continua a sua actividade, comprometendo sempre cada vez mais os nossos filhos que a frequentam. Necessitam, contudo, dum acompanhamento muito familiar. A tentação da fuga ao cumprimento dos seus deveres escolares bate-lhes à porta do seu coração. Queremos ajudar cada rapaz a ser um homem. Esta é a missão da Casa do Gaiato. A Escola é um dos espaços para a realização deste projecto. Durante este período, em que é celebrado o mês da criança, temos recebido muitas provas de amor e de carinho, com as ajudas possíveis, das várias entidades. Vamos continuar com a vossa colaboração material, financeira. Doutro modo, não podemos avançar para a frente. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.

Padre Manuel António