BENGUELA
Benguela acolheu-nos, há 55 anos
Benguela celebrou a Festa dos 401 anos da sua existência. Foi, sem dúvida, um acontecimento vivido com muita alegria. A nossa Casa do Gaiato foi convidada pelos altos responsáveis a participar na celebração do aniversário. O centro do encontro festivo deu-se num edifício, no qual um dos filhos da nossa Casa do Gaiato de Benguela exerce uma das suas actividades. O nosso querido Gabriel sentiu-se muito feliz por nos ver, juntamente com as centenas de convidados, para a celebração da Festa. Benguela acolheu-nos, há 55 anos, com muito carinho, quando chegámos para a fundação da nossa querida Casa do Gaiato de Benguela. Uma parte considerável dos responsáveis pelas empresas existentes, naquele momento histórico, prestou a sua ajuda extraordinária para o início da construção dos edifícios. Doutro modo, não seria possível levar para diante a Obra nascente. As empresas ofereciam os materiais de que dispunham, como objecto dos seus negócios. Uma autêntica maravilha! Deste modo, a alegria, a confiança no futuro, o amor às crianças abandonadas que eram apresentadas, enchiam o meu coração. Por isso, a participação nesta Festa de aniversário dos 401 anos da história da nossa querida cidade de Benguela teve o sabor duma Festa Familiar. A nossa gratidão!
Uma parte considerável da população, neste momento histórico, vive em situação económica muito precária. É necessário mais amor dos corações que são ricos .Devem participar na pobreza dos que são pobres com o compromisso de os ajudar. O rico não pode viver sem tomar consciência da situação em que vivem os pobres. Para que haja uma verdadeira união é necessária uma solidariedade mútua. Infelizmente, a multidão de pobres, sem o mínimo necessário, aumenta. O número de crianças abandonadas cresce cada vez mais. Batem, constantemente, à porta da nossa Casa do Gaiato a pedir acolhimento. Na hora presente, não há possibilidade. Esperamos, muito brevemente, receber estes filhos da rua para os ajudar a ser homens com dignidade. Entretanto, esta preocupação por uma maior justiça social deve crescer nos corações, com possibilidades económicas. É preciso que saltem as muralhas do egoísmo. Um coração cheio de verdadeiro amor está aberto e acolhedor do pobre que não tem condições para viver com dignidade humana. Que todos sintam esta inquietação nas suas vidas. Estar, de verdade e não só de palavras, com os pobres de sempre, é uma atitude fundamental para um coração verdadeiramente digno e humano. O que se exige é maior solidariedade com os homens e maior prática da justiça distributiva e social. Resulta, na verdade, escandaloso, em qualquer parte da terra, o facto das excessivas desigualdades económicas e sociais. Os ricos tudo devem fazer para melhorar a sorte de todos. O que se nos exige é um estilo de vida fraterna e solidária com os que sofrem. Na medida em que os filhos da nossa querida Benguela vivam esta verdade, a fome, a miséria, o abandono dos filhos, não conhecerão aumento, mas tendem a diminuir. Este é um caminho seguro para vencer a desigualdade escandalosa das classes sociais e dos indivíduos pobres com os filhos. Não podemos ser indiferentes aos problemas dos nossos irmãos. Façamos tudo o que estiver ao nosso alcance, neste sentido.
A actividade escolar recomeçou. Os nossos filhos, juntamente com os de fora, estão comprometidos com o estudo, para um verdadeiro aproveitamento em ordem à sua formação humanamente digna. Surgem, por vezes problemas de saúde, num ou noutro filho. Há um acolhimento muito carinhoso no hospital. São muitos, porém, os doentes estranhos que vêm à procura de ajuda para a consulta médica e a compra dos respectivos medicamentos. Fazemos tudo o que podemos para os ajudar. Pedimos, também, a cada um dos vossos corações que sinta uma preocupação social para ajudar os mais pobres. O dever de justiça e caridade cumpre-se, cada vez mais, contribuindo cada um para o bem comum, ajudando as Instituições que servem para melhorar a vida dos mais pobres. Despedimo-nos com um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.
Padre Manuel António