BENGUELA

Não podemos desanimar

O Secretariado Diocesano de Pastoral, Diocese de Benguela, enviou-nos um Documento escrito, a propósito das ELEIÇÕES que vão acontecer no próximo dia 23 de Agosto. O povo de Angola vai escolher o primeiro responsável pelos destinos da Nação. A Solicitude Social da Igreja tem como fim um desenvolvimento autêntico do homem e da sociedade. Como? Pelo respeito e promoção da pessoa humana, em todas as suas dimensões, esta Solicitude Social sempre se manifestou das mais diversas maneiras. Deste modo, a Igreja com todos os seus Filhos, conscientes das implicações da Fé e do compromisso pastoral com o actual momento ímpar que a nossa querida Angola vive, com a proximidade das Eleições, é convidada a participar numa vigília de Oração. Para quê? O amor e a justiça social estejam em primeiro lugar e não as opiniões politico partidárias. É, sem dúvida, uma participação cheia de valor para benefício da nossa terra de Angola. Acolhemos esta proposta com todo o coração. Queremos integrá-la numa acção eficaz, promotora do desenvolvimento integral do homem, criadora de novas condições humanas. Os filhos que vivem na miséria são multidão. É necessária uma mudança do coração dos próprios governantes. As estruturas sociais devem mudar no sentido de serem mais humanas. É, sem dúvida, um tempo excepcional que está a ser vivido por Angola. Temos muita esperança, em união com o nosso querido povo e, em especial, com os mais pobres. É a nossa resposta ao convite para assumirmos as responsabilidades, frente ao mundo em que vive a Casa do Gaiato de Benguela.

Durante esta semana, vários pedidos para recebermos crianças abandonadas bateram à nossa porta. O impedimento mais grave para uma resposta positiva está na presença dum pequeno grupo de rapazes que já deviam estar no seu emprego, fora da Casa do Gaiato, a viver a sua autonomia. É, neste momento, um dos problemas mais aflitivos da nossa vida familiar. Quando o Sr. Ministro da Assistência Social veio visitar-nos, recentemente, abrimos-lhe o nosso coração a esta dificuldade muito grave. Deu-nos esperança. Por isso, vamos confiar. Um dos caminhos seria a porta para a rua, sem qualquer garantia de segurança social. A desgraça cairia sobre eles, porque lhes faltavam os meios normais para a vida autónoma normal. O emprego, com o respectivo salário, é a solução ideal. Porém, não podemos desanimar. O nosso coração sofre, porque não podemos acolher as crianças abandonadas. Estes filhos sofrem porque vivem na miséria, à espera da sua casa de família que é a Casa do Gaiato. Quem nos ajuda eficazmente?

Os filhos mais novos, nesta manhã de Domingo, foram passear, na carrinha muito cheia. O nosso querido José Luís, com o grupo O Grão e a Laurinda, foi o condutor. São momentos felizes, por que passam, graças ao amor e carinho dos corações voluntários que deixam as suas vidas normais para se dedicarem a estes filhos e acompanhá-los. É uma maravilha gerada pelo amor. Está nesta dimensão humana o caminho seguro da felicidade autêntica. O grupo de seis jovens - O GRÃO - que veio, de Portugal, para viver, durante cerca de dois meses, com estes filhos da nossa querida Casa do Gaiato de Benguela, está neste caminho de felicidade. Este período do mês de Agosto é tempo de pausa pedagógica. Os rapazes que chegaram à idade de ocupar os seus tempos livres escolares, com actividades nas oficinas, aproveitaram a oportunidade para visitar alguns Centros de trabalho, organizados, dentro da cidade. É um contacto saudável com a actividade que vão desenvolver. Temos as oficinas de serralharia, carpintaria, electricidade e pintura, onde ocupam os seus tempos livres, com preparação para as suas vidas futuras, como complemento da sua preparação escolar. O nosso querido José Luís tem sido a alma deste movimento elevador. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.

Padre Manuel António