BEIRE
Um "anel de noivado" para…
A linda história reza assim... «Com passo firme, um jovem escorreito entrou numa joalharia e pediu que lhe mostrassem o melhor anel de noivado que tivessem. Passado um momento, o joalheiro traz-lhe um. O nosso jovem contempla o anel, em silêncio demorado. Por fim, sorridente, faz um gesto de aprovação - é mesmo isto que eu quero. Perguntou o preço e dispôs-se a pagá-lo.
- O senhor vai casar em breve? - Perguntou o dono.
- Não. Ainda nem sequer tenho noiva. - E a surpresa do joalheiro divertiu o nosso jovem.
- É para a minha mãe. Quando eu estava para nascer, ela estava sozinha. Alguém a aconselhou a matar-me, antes que nascesse. Assim evitaria compromissos e mais problemas. Mas ela negou-se a isso. Deu-me o dom da vida. Claro que teve muitos problemas. Mesmo muitos. Foi pai e mãe para mim. Foi amiga e foi irmã. Foi professora e catequista. Ministro da Igreja e psicólogo. Fez-me ser o que hoje eu sou. Agora, que já tenho possibilidades de o fazer, compro para ela este anel de noivado. Ela nunca teve um anel desse tipo. Hoje, dou-lho eu, com a promessa de que, se ela fez tudo por mim, agora sou eu que farei tudo por ela. Talvez um dia também possa eu entregar outro anel de noivado, mas já será o segundo...
O joalheiro não disse nada. Mas deu ordens na caixa para que lhe fizessem aquele desconto que só se fazem a clientes muito especiais.»
- ... Ninguém tem obrigação de aturar isto!... Deixo-me em silêncio e quietude. Aí onde todos podemos descobrir o valor de perder a vida, encontrando-a... (Mc 8, 34 3 sgs). Pela minha mente, inquieta, perpassam-me cenas de flores de trigo e de amargos de joio... Às vezes, ainda que em momentos diferentes, a juntarem-se na mesma pessoa. Que, também às vezes, até sou eu mesmo. A deixar sair um nem me conheço... Ou: Ela/ele nem parecia a mesma pessoa... O que nos vale, aos que acreditamos nisso, é que a oração, o silêncio e a quietude são propícios à descoberta das pérolas escondidas no vasto campo da Boa Nova de Jesus. E a gente cá vai continuando a aturar isto tudo. Como quem tem mesmo obrigação. Porque são estes os filhos que Deus nos mandou. Filhos que às vezes são os irmãos - assalariados, voluntários, visitantes. Tudo aprendizes de vivente, em buscas de mais vida. Quem sabe se sem saber bem o quê buscam... Mas vale a pena tentar descobrir...
Perpassa-me uma lista de nomes com quem pude contactar. Algumas que já repousam no Seio de Abraão - as irmãs de Aljustrel, D. Sofia e D. Áurea; a D. Virgínia que, ao lado de P.e Baptista, arrancaram com Beire; a D. Clementina que, no Lar do Porto, era a Mãe que sabia servir, sorrindo; e também sabia corrigir e acolher. Escutar os rapazes que se preparavam para casar. E as namoradas que buscavam saber histórias dos futuros maridos. D. Maria da Luz, no Lar de Coimbra, com idêntico papel; outras que, como D. Maria do Rosário, já estão arrumadas no seu cantinho, à espera que o Senhor as chame; e aquelas que ainda hoje estão a dar o corpo ao manifesto. Intrépidas. Às vezes com lágrimas escondidas, sem ter com quem conversar. Mas não perdem tempo a olhar para trás, quiçá com saudades do arado que deixaram.
Falo para todas elas, as que nomeei e as que se me escaparam. E é para todas elas que aqui deixo o melhor anel de noivado. Das suas núpcias com um Lar que tenta ser família para os sem família. Onde é preciso saber ser pai e mãe para cada um deles. Saber ser amiga e irmã. E mestra. Terapeuta e educadora.
Santas mulheres da Escritura, fecundadas por esse Espírito que, porque é O SANTO de Deus, só busca O BEM do outro.
Um admirador