BEIRE
Os mini-stérios no Calvário / Beire
Os "três grupinhos" de qualquer grupo. Sempre gostei da análise do comportamento humano. Daí a minha paixão pela Análise Transaccional. E, porque P.e Telmo pediu... Dei-me tempo. Parei-me para pré+parar a "notazinha". E fiquei espantado com a riqueza desta perícope de Jo 10, 11-18. Para simplificar, o redactor sacro fica-se pelos bons e pelos maus pastores. E, ademais, até fomos habituados (mal!...) a ver como pastores só o Papa, os Bispos, os Padres, ... Nós éramos só ovelhas que deviam obedecer ao nosso Pastor. Hoje caio na conta de que, em verdade, todos somos chamados a ser Pastores. Mas dos Bons. Pastores e ovelhas. Cada um naquelas tarefas e com aquelas pessoas que a vida nos vai confiando. Estava eu nesta, quando me saltou uma de Piaget: "É fácil ser radical. Preto ou branco. Difícil é obter o cinza. Por isso custou tanto ao homem atingir o pensamento dialéctico". Realmente, nestas matérias tão delicadas como esta de ACOMPANHAR vidas com deficiência, o DIA+logo é sempre muito difícil. Porque, no blá blá corrente, ou se cai no coitadinhos ou no "há que deixá-los que eles conseguem mais do que pensamos"- Ora, entre um e outro extremo, há as mil e uma variáveis de indivíduo para indivíduo e de situação para situação. Por isso, na nobre arte de Estar COM este tipo de pessoas, há que aprender, sobretudo, a sentir-se em PRO+cesso de, aqui e agora, acertar no modo ser o Bom Pastor daquela ovelhinha naquela situação. O egocêntrico já sei, já sei, já sei não pode ter lugar aqui. Mas todos gostamos tanto de mostrar saber!... As exigências do Mestre não deixam dúvidas: Vim para servir!...
— (...) Ai que Feliz que eu saía daquele portão... Um telefonema põe-nos a questão: Faz 100 anos do nascimento de minha mãe. Gostaria de juntar irmãos, filhos, netos, bisnetos e já uma tetraneta. Com P.e Telmo a presidir numa Eucaristia. Acção de Graças pela Grande Mulher que aquela mãe foi para todos. Também, nestas e noutras iniciativas, lemos gestos de bom pastoreio. Na família e fora. É aquele "tenho outras ovelhas..." (Jo 10, 16).
Que sim senhor. Pudera, não. O telefonema vinha de uma também Grande Mulher que ainda é muito nossa. Sempre que há um aperto, se puder, aí está ela. Pau para toda a colher. Desde a cozinha até ao banho e limpeza dos doentes. E, como foi referido na Eucaristia, durante muitos anos, ela já foi um braço forte de P.e Baptista. Às 07:00h, já estava aí a levantar, limpar e cuidar de uns tantos doentes que perfilhara. Para, logo às 09:00h, estar na cidade para abrir as portas da loja que ainda gere.
No fim da Eucaristia, ela mesma nos falou do tempo em que conseguia vir aqui regularmente. - Ai que alegria eu levava comigo, ao sair daquele portão para fora. Tenho saudades. Mal possa tenho que voltar. Logo de seguida, P.e Telmo entrega mais um envelope. Para "o Calvário - migalhas". Reconheço o estilo e a letra. É daquele "gaiato anónimo" que, ainda com Pai Américo, aprendeu a tirar à boca para dar a quem mais precisa. Gestos de bom pastor. Gestos que se repetem, assim anonimamente. De muitos lados e de muitos modos. A atestar esta uma seiva discreta que circula na grande árvore. É Força do "Espírito de Deus" a fazer viver este Calvário. Um doce mistério de Dor e de Amor. A testemunhar a presença de Deus Vivo. Porque RE+ssuscitado. No coração de todos estes nossos colaboradores. Que sabem ver mais longe que os olhos...
Um admirador