BEIRE

Os mini-stérios no Calvário / Beire

O "BOM PASTOR" no Calvário / Beire. Ontem foi um domingo especial. Fui almoçar com os meus e vi festas ao/do Bom Pastor por todo o lado. Voltei ao Calvário. P.e Telmo, porque as pernas, porque a cabeça, porque e porque e porque, já começam a falhar e nestes dias não me tenho sentido bem, pede para ser eu a "fazer uma notazinha ao Evangelho do dia". Pois sim. Se é verdade que ainda há "rigoristas" que pensam que "na Igreja só os padres é que devem falar", cada vez há mais sacerdotes que, "tocados pelo Espírito de Deus", vão acordando os leigos para a sua obrigação de se prepararem para também eles poderem testemunhar-se no seu mini+stério. Isto é, mostrarem-se preparados e disponíveis para aqueles Serviços que, com padres ou sem eles, é necessário manter vivos para a manutenção e avanço de qualquer comunidade cristã. A RE+flexão e a partilha d'A PALAVRA pode e deve entrar também nesse mini+stério dos leigos. Porque, originariamente, os ministérios (e os ministros!), dentro da Igreja, não implicavam mais que a arte de saber estar como quem serve os irmãos da comunidade cristã a que se estava ligado. Arte de estar como serventes - mínimos (mini+stros). Parece que era isto que Jesus fazia e ensinava aos seus discípulos/as. Basta lembrar a cena do lavar os pés... (Jo 13, 1-15). Foi mesmo explícito "... o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir" (Mc 10, 32-45; Mt 20, 20-28). Se lermos bem algumas páginas do Evangelho, vemos que era assim. Lamento é não ter aprendido ISSO atempadamente, em vez de ter aprendido a pregar isso... Mas agora não quero perder mais tempo em panaceias... Nós, os velhos, já não temos tempo de perder tempo.

Os "três grupinhos" de qualquer grupo. Sempre gostei da análise do comportamento humano. Daí a minha paixão pela Análise Transaccional. E, porque P.e Telmo pediu... Dei-me tempo. Parei-me para pré+parar a "notazinha". E fiquei espantado com a riqueza desta perícope de Jo 10, 11-18. Para simplificar, o redactor sacro fica-se pelos bons e pelos maus pastores. E, ademais, até fomos habituados (mal!...) a ver como pastores só o Papa, os Bispos, os Padres, ... Nós éramos só ovelhas que deviam obedecer ao nosso Pastor. Hoje caio na conta de que, em verdade, todos somos chamados a ser Pastores. Mas dos Bons. Pastores e ovelhas. Cada um naquelas tarefas e com aquelas pessoas que a vida nos vai confiando. Estava eu nesta, quando me saltou uma de Piaget: "É fácil ser radical. Preto ou branco. Difícil é obter o cinza. Por isso custou tanto ao homem atingir o pensamento dialéctico". Realmente, nestas matérias tão delicadas como esta de ACOMPANHAR vidas com deficiência, o DIA+logo é sempre muito difícil. Porque, no blá blá corrente, ou se cai no coitadinhos ou no "há que deixá-los que eles conseguem mais do que pensamos"- Ora, entre um e outro extremo, há as mil e uma variáveis de indivíduo para indivíduo e de situação para situação. Por isso, na nobre arte de Estar COM este tipo de pessoas, há que aprender, sobretudo, a sentir-se em PRO+cesso de, aqui e agora, acertar no modo ser o Bom Pastor daquela ovelhinha naquela situação. O egocêntrico já sei, já sei, já sei não pode ter lugar aqui. Mas todos gostamos tanto de mostrar saber!... As exigências do Mestre não deixam dúvidas: Vim para servir!...

— (...) Ai que Feliz que eu saía daquele portão... Um telefonema põe-nos a questão: Faz 100 anos do nascimento de minha mãe. Gostaria de juntar irmãos, filhos, netos, bisnetos e já uma tetraneta. Com P.e Telmo a presidir numa Eucaristia. Acção de Graças pela Grande Mulher que aquela mãe foi para todos. Também, nestas e noutras iniciativas, lemos gestos de bom pastoreio. Na família e fora. É aquele "tenho outras ovelhas..." (Jo 10, 16).

Que sim senhor. Pudera, não. O telefonema vinha de uma também Grande Mulher que ainda é muito nossa. Sempre que há um aperto, se puder, aí está ela. Pau para toda a colher. Desde a cozinha até ao banho e limpeza dos doentes. E, como foi referido na Eucaristia, durante muitos anos, ela já foi um braço forte de P.e Baptista. Às 07:00h, já estava aí a levantar, limpar e cuidar de uns tantos doentes que perfilhara. Para, logo às 09:00h, estar na cidade para abrir as portas da loja que ainda gere.

No fim da Eucaristia, ela mesma nos falou do tempo em que conseguia vir aqui regularmente. - Ai que alegria eu levava comigo, ao sair daquele portão para fora. Tenho saudades. Mal possa tenho que voltar. Logo de seguida, P.e Telmo entrega mais um envelope. Para "o Calvário - migalhas". Reconheço o estilo e a letra. É daquele "gaiato anónimo" que, ainda com Pai Américo, aprendeu a tirar à boca para dar a quem mais precisa. Gestos de bom pastor. Gestos que se repetem, assim anonimamente. De muitos lados e de muitos modos. A atestar esta uma seiva discreta que circula na grande árvore. É Força do "Espírito de Deus" a fazer viver este Calvário. Um doce mistério de Dor e de Amor. A testemunhar a presença de Deus Vivo. Porque RE+ssuscitado. No coração de todos estes nossos colaboradores. Que sabem ver mais longe que os olhos...

Um admirador