VOZ AOS DOENTES

No dia 14 deste mês, um sábado, dissemos adeus à Laurinha. Deixamos as nossas ocupações mais cedo e juntamo-nos para rezar. Ela morreu na sexta-feira. Depois de muito tempo connosco, a ajudar-nos com o canto na missa, que gostava tanto, foi várias vezes ao hospital Pai Américo em Dezembro. Já estava doente do coração e dos rins, disseram-me. Este inverno rigoroso trouxe-lhe uma infecção que os médicos e os medicamentos não conseguiriam combater. O que podemos fazer mais? Eu não sei!

Acabou por acamar e sofrer serenamente com o seu tercinho na mão. Pedia sempre a bênção de Deus para nós. Eu chorei ao vê-la no caixão na nossa capelinha do espigueiro. Ela continuava em paz. Parecia que ainda me ia chamar a atenção para não fazer barulho junto de Jesus no sacrário. Sim, às vezes eu distraía-me. E dava uma risada na capela que todos ouviam.

Quando saímos da missa eu disse para o Padre Alfredo:

- Temos de encontrar mais uma doente para que o quarto que era seu não fique vazio. Era assim com o Padre Baptista!

Sérgio Manuel («CAROCHA»)