VINDE VER!
Arte e Generosidade
No meio das aflições deste tempo de incertezas e carências de vária ordem dominado pela imposição do medo da pandemia do covid-19, sobretudo na obtenção de alimentos para matar a fome a quase mais de duzentas pessoas todos os dias, sendo 120 rapazes que constituem a família de Casa e a outros tantos homens e mulheres que prestam serviços necessários na nossa quinta, quer trabalhando nos campos com os próprio rapazes, quer nas oficinas e também no cuidado do gado que requer uma certa atenção, chegou à nossa porta uma oferta considerável em géneros vinda de Luanda. Encontrava-me a trabalhar com os rapazes no campo da mandioca e batata doce quando um dos nossos mais novo veio dizer que tínhamos visitas para receber. E, como de costume, fui para acolher os visitantes. Era um grupo de jovens que vieram a mando do músico «Matias Damásio», muito apreciado pela rapaziada pelas suas agradáveis músicas. Desta vez não veio cantar, mas, sim, oferecer géneros alimentares. Eram caixas contendo em cada uma delas água potável, arroz, massa, óleo e feijão. Ficamos todos muito contentes pelo gesto e na despedida a malta cá de Casa fez um vídeo onde exibiu com perfeição uma das canções mais badaladas do músico e seguiu via online como sinal de gratidão e amizade. Nesta fase em que os preços no mercado subiram escandalosamente devido à depreciação da moeda nacional, num País que vive de importações, gestos de solidariedade como este dão-nos esperança em continuar o projecto educativo e de assistência aos pobres. A criança abandonada sem nada nem ninguém. A Casa do Gaiato tem sido a Mãe de muitos filhos, crianças, homens e mulheres que vivem nos arredores dos limites da nossa propriedade. Quem dera pudesse nascer no coração de outros tantos fazedores de arte, a cultura da solidariedade e do amor ao próximo. O que nos é dado serve também para servir a outros pobres como nós. Os nossos vizinhos também têm sido solidários para connosco nesta fase em que estamos muito empenhados nos trabalhos da agricultura. Temos recebido semente de batata doce, batata rena, plantas diversas e árvores de frutos diversas. Fomos a um viveiro comprar 40 mangueiras de boa qualidade. Custaram 2500 cuanzas cada uma, os mamoeiros vieram da casa das irmãs franciscanas e também de lá veio um casal de cabritos para começar a criação. Patos também já temos um casal, estão para chegar os coelhos e as galinhas. Um senhor amigo já levou quatro leitões e em troca disse que nos arranjava galinhas para recomeçar a criação no antigo galinheiro. Temos apreciado o crescimento das nossas ovelhas, são já 10 novos cordeirinhos, todos eles branquinhos da cor do macho chefe do rebanho. São lindos! Os rapazes querem dedicar mais tempo ao campo e ao cuidado dos animais neste tempo em aguardamos o reinício das aulas e da normalidade pós coronavírus. Os pequenos pedem para lá ir entregar as cascas da fruta depois da refeição, outros adiantam-se levando ervas que apanham na horta nova. A conclusão é de Pai Américo «Eu acho que não há pedagogia mais santa do que esta de deixar que os rapazes das nossas Casas ardam e iluminem. A multidão dos nossos pecados cobre-se com a esmola dada a tempo e horas».
Padre Quim