VINDE VER!
Vamos todos ao trabalho
O trabalho é a «base da vida nas Casas do Gaiato! A própria educação dada ao rapaz é um processo que exige muito trabalho e dedicação constante, ultrapassando assim as fronteiras da escola, passando pela experiência de vida marcada pela formação integral do homem. Todos os dias há trabalho para todos os rapazes nas mais variadas ocupações da vida da Casa. As tarefas são distribuídas tendo em conta a idade e a capacidade de execução de cada um. Alguns conseguem surpreender, indo para além daquilo que era esperado inicialmente. É necessário que desde pequeno o rapaz possa aprender regras saudáveis para a sua melhor inserção social. E que saudável é levar uma vida intensamente dedicada ao trabalho. A vida em sociedade exige a observância de regras. A nossa Casa do Gaiato é um espaço de Educação, e isso supõe só por si que existem orientações de como ser e estar em família. É necessário que as orientações sejam respeitadas por todos os membros para melhor organização e harmonia da vida familiar. E com o trabalho queremos educar o rapaz a dar uma resposta positiva à regra que diz que "quem não trabalha não come". E ainda mostrar ao rapaz que o trabalho é uma verdadeira fonte de bem-estar. Quem trabalha pode no final da jornada dizer; missão cumprida. Amanhã tem mais! Amanhã será outro dia! E com ele mais trabalho. Que bom! Assim seja! E assim através dos trabalhos do dia-a-dia cria-se o hábito de trabalhar. O trabalho é uma excelente ferramenta de intervenção Psico-social para a acção terapêutica a ser aplicada como remédio de cura à vadiagem que se agarrou como a poeira no sapato do peregrino, na vida destes pequeninos outrora abandonados. É o dito, dar a volta à vida desorientada procurando dar uma direcção e sentido à vida, como já acontece hoje. No Domingo, depois da hora do terço, oração habitual, o chefe maioral apresentou o novo edital de trabalhos para os rapazes. Até os novos também receberam a sua devida obrigação. E não que grande parte dos trabalhos da aldeia já começa a ser feito pelos próprios rapazes? E quem de contente não ficará se vier um dia a reconhecer o grande trabalhador que nós hoje temos em Casa e que ontem andava perdido, andando de rua em rua em busca de nada porque nada encontrava como solução do seu problema e porque o nada de nada - o nadinha perdido havia de dar, pois não era útil - e por isso foi o abandono a sua condição. Agora fazendo-se homem o rapaz será útil e por isso a sociedade vai precisar dele, ou mais não sei, talvez mais do seu trabalho. Nós cá apreciamos o homem em primeiro lugar e depois vem o que o homem é capaz de fazer para ser gente.
A educação neste sentido é um verdadeiro desafio de todos os dias, horas minutos, anos. É trabalho de sempre. Quem se quiser integrar nisto tudo tem necessariamente de compreender assim. Pois então, começamos por integrar mais rapazes nossos já com idade e capacidade para tratar de assuntos importantes da vida da Casa. «O Manuel António» conhecido por Anjo da Paz, está como encarregado das oficinas, o «Filipe» é o chefe Maioral. O Mará e o Flávio responsáveis da escola e dos assuntos das escolas onde estudam os nossos rapazes mais o cuidado da biblioteca e de todo o material para a escola. O «Celestino» está a tirar o curso de medicina e para o ano quer ir para a Universidade continuar os seus estudos, por agora é responsável pelo consultório médico da Casa e responsável máximo da rouparia. O Venâncio é tractorista e já tirou a carta de condução de pesados, anda com a carrinha e com o tractor e também vela pelos assuntos do campo e da vacaria junto dos seus devidos responsáveis. E todos os rapazes da Casa têm a sua obrigação diária, da qual são chamados a tomar conta. Então vamos todos ao trabalho. A conclusão é de Pai Américo «Claro que o rapaz não obedece às primeiras; não tem esse hábito. Nem jamais o terá se não for levado pela confiança! Não o espreitamos. Deixamos que ele se olhe; que se conheça; que se valorize. Acreditamos - eles acreditam. O alimento da sinceridade é a confiança.»
Padre Quim