VINDE VER!
Vamos todos à Escola
Na linha do projecto educativo das Casas do Gaiato, a expressão chave e animadora na educação do rapaz, continua a ser, ainda hoje, «fazer de cada rapaz um homem». E que homem queremos preparar para a sociedade do futuro? Um homem de bem! Prestimoso, amigo do bem e da verdade, responsável pelos seus actos, um bom cidadão, amigo dos pobres e indefesos, útil a si mesmo e à sociedade... Em todo este quadro sócio-educativo a Escola tem um lugar importante na consolidação dos objectivos para ajudar o rapaz a fazer-se um homem. Oh!, que missão mais sublime é esta arte de educar e amar sem medida. Só se compreende quando se ama, de verdade, as pessoas e os seus sonhos de menino, querendo que um dia cheguem à realização dos mesmos. Há todo um trabalho de base a ser feito todos os dias debaixo de sacrifícios e canseiras, mas tudo vale a pena pelos frutos a serem produzidos na vida de cada um dos rapazes. Tal como a semente nas mãos do agricultor, que se arrisca até mesmo a perder-la, se por acaso ela não vier a germinar, mas, pacientemente, a lança, cuida do seu crescimento e espera pacientemente os seus frutos, assim é semelhante o processo educativo. É uma verdadeira sementeira, o crescimento é lento, embora notável, e positivo, os cuidados exigem muita paciência e dedicação. Os frutos muitas vezes tardam a aparecer, mas quando aparecem, é o rapaz o primeiro a saboreá-los, é ele o responsável, a ajuda é da Casa do Gaiato. Nas nossas Aldeias, a Escola tem vindo a acompanhar o caminho feito pelas gerações de rapazes que por ela foram alimentando os seus sonhos de ser gente com dignidade. Todos nutrimos um respeito muito grande pelas instalações escolares, por fazer parte do nosso dia-a-dia.
A preparação para o regresso à escola exigiu de todos os rapazes muita dedicação e seriedade, no que diz respeito à arrumação do material escolar. Foi o «César», nosso Gaiato mais velho, que veio ajudar-nos, hoje nas vestes de professor - mais conhecido por professor Mará, carinhosamente tratado pelos Rapazes. Tratando-se de uma Casa de Educação, todos os meninos frequentam a Escola, o material escolar é muito caro, desde a bata ou outro uniforme, a mochila e tudo que é exigido, segundo a classe em que cada qual se encontra matriculado. Foi graças aos nossos bons amigos da empresa Oliveira e Ligeiro que conseguimos ter tudo pronto para que os nossos cento e quinze rapazes pudessem ir às aulas sem grandes constrangimentos em termos do material. Apenas o «Yuri» e o «Manhinho» nos deram mais trabalho para arranjar as mochilas, pois são os mais pequeninos e as pastas que nos deram eram maiores que eles. No dia seguinte, recebemos um grupo de senhoras responsáveis por uma creche de Luanda e ofereceram várias coisas e dentro de uma caixa estavam duas mochilas pequenas, já com o material escolar. Eram as duas que faltavam. Agora, os dois pequeninos correm de contentes, porque levam as mochilas mais lindas que se pode ver entre os colegas da Escola. O nosso Deus é maravilhoso e nos dá a alegria destas surpresas no meio de tantas preocupações da nossa vida. Obrigado Pai do Céu e da Terra por nos fazeres conhecer os mistérios escondidos aos sábios e inteligentes e revelados aos pequeninos. A conclusão é de Pai Américo «Oh!, missão de educar! Oh!, segredo divino de transformar o pequenino farrapão da rua em homem de bem!».
Padre Quim