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Chefe é Chefe

Celebrámos no Domingo "dies dominicus", ou seja, "o dia senhorial", o "dia do Senhor", a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. E com esta celebração chegámos ao fim de mais um ciclo litúrgico. O Evangelho atesta que por cima d'Ele havia um letreiro, quando estava pregado na cruz: «Este é o Rei dos Judeus». Que Rei? Que trono? Que reinado? Em que pátria? Hoje, se viesse um rei e quisesse governar que lugar lhe seria cedido pelos grandes deste mundo, para reinar? Teria de vir com grande poder para subordinar e pôr em debandada um que não conseguisse resistir a tamanho golpe de estado. Jesus é Rei contrariamente à lógica da ordem temporal. O Seu trono é a Cruz, a Sua arma é o Amor, a Sua Justiça é a conversão e mudança de mentalidade; e de todo o caminho de pecado, onde a misericórdia e a compaixão estão acima de qualquer lei estabelecida, «vai e não voltes a pecar; ninguém te condenou, eu também não te condeno; olhou para elas e teve compaixão, pois eram como ovelhas sem pastor». O Seu perdão restabelece a dignidade roubada pelo pecado e devolve o sentido de viver a quem o tinha perdido. Jesus é Rei sem necessitar da aprovação dos estados civis. A Sua realeza reflecte-se na Igreja, não no seu esplendor e poderio social, mas na vivência da Justiça e da Caridade.

No reino de Jesus, é o próprio Rei que se veste com o avental do serviço e lava os pés dos seus irmãos. No reino do mundo, os chefes de estado são servidos, têm criados para tudo, guardas e mais guardas. Servem-se sobejamente e esquecem-se de deitar, ao menos, umas migalhas para o Povo.

Em nossa Casa o chefe é um irmão mais velho que é chamado a servir mais de perto os seus irmãos mais novos. Ajudando-os a crescer, a desenvolver cada um saudavelmente as suas capacidades e talentos. A aprender a estudar, a aprender a trabalhar para a vida, a rezar, a cumprir bem a sua tarefa diária, a ser um bom irmão para os outros e a dar o seu bom exemplo. Aprender a ser, a estar e a fazer. Muito trabalho para um jovem chefe, sim. Mas, acima de tudo, é preciso muita força de vontade, alegria e entusiasmo nesta missão. Já lá vão duas semanas em que foi exercido o direito ao voto em nossa Casa. A democracia foi altamente respeitada por todos os rapazes, e o sinal mais claro desta demonstração veio do facto de ter sido escolhido um rapaz que não era do grupo dos chefes em Casa. Foram buscá-lo à casa 2 de cima para o fazerem chefe maioral, através da confiança que depositaram nele para ser uma sentinela no caminho da cada um dos rapazes. Aconselhando, mostrando o caminho da disciplina e da ordem, da boa convivência e do respeito de uns pelos outros, da justiça sempre necessária nas relações com os rapazes. É hoje o nosso chefe maioral, o «Filipe». Tem 19 anos de idade, está a terminar o Curso Médio na Escola Industrial. Veio para a nossa Casa no ano de 2009, tinha apenas 9 anos. Antes de ser eleito chefe maioral era aprendiz de serralharia e responsável da televisão do bar. Está animado na sua nova missão e os rapazes gostam muito dele. Seguem as suas orientações, e assim é que esta certo. A conclusão é de Pai Américo: «Meus filhos: nós somos uma Obra de rapazes, para rapazes e pelos rapazes. Todo aquele que for considerado digno de subir a um posto de sacrifício, esse mesmo apresente-se e tome as armas dos seus talentos. É mesmo por causa desses talentos que ele é chamado. Alegre-se no Seu Senhor, pois d'Ele mesmo é que os recebeu e faça-os render».

Padre Quim