VINDE VER!
Encontro familiar
O ambiente educativo da Casa do Gaiato é composto por momentos marcados pelos chamados actos de comunidade que decorrem no contexto de num verdadeiro clima familiar. Somos uma grande família! Cada rapaz acolhido debaixo do nosso tecto, tem e traz naturalmente as suas particularidades: a sua história, os seus anseios, os seus sonhos e também os seus medos. A confiança depositada em cada um dos membros da família, conforme as circunstâncias próprias da idade, da capacidade de compreensão é um perfume de suave fragrância espalhado no ar que respiramos, qual oxigénio rejuvenescedor da prosperidade. A liberdade é uma das condições promissoras para uma autêntica educação. O homem é um projecto em construção cujo artífice é o criador do universo - Deus. A Casa do Gaiato ajuda o rapaz a fazer-se homem se o próprio rapaz quiser. Não faz literalmente, tal como o padeiro faz o pão. Não Senhores. Ajuda a cada um fazer-se! Assim é que esta correcto. O que passa disto é deseducativo.
Os encontros em família são do interesse de todos, a todos diz respeito e por isso todos são chamados a participar dos mesmos, como sinal de pertença à nossa comunidade. A nossa vida é feita de encontros! Para preparar os caminhos que poderão vir a trilhar os rapazes, já hoje em nossa Casa e no futuro na sua vida autónoma. Se é de véspera que se prepara o dia seguinte, também se torna urgente primeiro o encontro educativo, informativo e formativo para capacitar os rapazes ante os desafios sociais. O sinal de costume é o toque do sino, mesmo juntinho ao cruzeiro da Aldeia. Soa e orienta a comunidade. Ora para o trabalho, ora para o estudo ou aulas na escola, ora para a catequese, para a reza do Terço, da Via-sacra em tempo litúrgico apropriado, para a santa Missa centro e ponto sublime da nossa vida. Para o recreio, para o passeio ou para a praia, para o desporto.
A responsabilidade é outra das grandes facetas dentro do projecto educativo de Pai Américo, que dizia, «não vamos buscar à rua os perdidos para fazer deles uns oprimidos. Vamos, sim, tirá-los da falsa liberdade de fazerem o que lhes apetece e substituí-la pelo poder de cada um se determinar por si-mesmo na escolha do bem e do mal, a verdadeira liberdade. Não queremos a triste Instituição do autómato, mas, sim, a racional e alegre aldeia do autónomo. Nunca proibi um rapaz de fugir das nossas aldeias. Raramente os proíbo de regressar. É a pedagogia do Evangelho. É o respeito à pessoa. É a livre e amorosa expansão do ser humano. Jesus nunca obrigou, nem obriga, quem quer que seja. Convida. Deseja. Espera. Mas não vai mas longe». A conclusão é de Pai Américo: «A nossa vida é feita em comum. Não há separações. Não há incomunicáveis. Tudo junto. Seara de almas onde cresce à-vontade o trigo e o joio. Perigos?... Sim, isso nem se discute. Eles são o fruto necessário e terrível da natureza humana. Eu cá acredito no dogma do pecado original. Eu também acredito nas possibilidades divinas do rapaz. A alma é um terreno formidável. Sou testemunha de transformações admiráveis. Acredito, ainda, na dor do pecado, na eficácia dos sacramentos, no poder da oração».
Padre Quim