VINDE VER!

Vida em família

Os nossos rapazes encontram-se de pausa pedagógica. A vida da Casa continua no seu ritmo normal, com uma ou outra alteração pontual para a ocupação dos rapazes nos tempos que eram dedicados para as aulas e o estudo obrigatório no período inverso ao estudo guiado. Então de que maneira ocupamos o nosso tempo? Trabalhando! Todos em nossa Casa temos uma tarefa específica para realizar em benefício da própria comunidade. Desde as tarefas mais simples, tendo em conta a capacidade e o talento do rapaz, até às mais complexas do ponto de vista da sua execução, exigindo profissionalismo. A vida em família não entra em férias em nenhum momento. Haja aulas ou não, a barca familiar navega nas águas seguras até ao bom porto. E quando a escola fecha as suas portas por imperativo de calendário, abrem-se as exigências no campo do trabalho manual. É necessário dar algum descanso também ao trabalho mental para renovar as forças fatigadas ao longo deste primeiro trimestre lectivo, agora em conclusão.

O «Jesus», tem 14 anos e já é o responsável da rouparia. Tem as batas e todos os outros uniformes escolares guardados, limpos e passados a ferro, para que, tão logo comecem as aulas, tudo esteja pronto. Os mais pequeninos deitam-se no chão da rouparia enquanto dobram a roupa já lavada, outros limpam os sapatos de Domingo, ali guardados. É bonito vê-los a trabalhar! O rapaz gosta de apresentar o seu trabalho bem feito. Fica radiante de alegria. Apresenta entusiasmado os seus feitos como um compromisso em continuar a crescer. O grupo da enxada avança em direcção ao campo de futebol, onde cresceu tanto capim depois das últimas chuvas de Março. Os regadores levam as mangueiras às costas até à torneira de passagem de água para dar de beber às plantas do jardim. Tudo em movimento em nossa Casa. Há por cá muita energia na gente nova que, até às vezes, escapa alguma para alimentar a corrente da libertinagem. «Tudo vos é permitido, excepto pecar.» Nas oficinas há sempre muito que fazer e o que fazemos, é sempre insuficiente, até mesmo para a manutenção das casas.

Foi lançado o desafio aos mestres no sentido de se continuar com os trabalhos de recuperação da casa 2 de baixo, onde falta tudo e só o contributo de todos poderá favorecer a realização desta restauração. Desde o pintor ao electricista, carpinteiro, canalizador e o apoio necessário financeiro para a compra de vidros, contraplacados para os armários, redes mosquiteiras, tinta, fechaduras entre outros meios necessários. Se os nossos amigos nos ajudarem nesta aflição, poderemos receber mais duas dezenas de rapazes, que de momento não podem ser gerados pela Casa do Gaiato porque temos esta instalação por compor. Já começámos, mas de maneira muito intermitente, devido à carência dos meios já citados acima. A mão-de-obra é toda da Casa, o material é que não temos capacidade de o adquirir sozinhos. A conclusão é de Pai Américo «o Espírito de pobreza quer dizer suficiência na comunidade. Não pode haver falta de coisas precisas à vida aonde reinar aquela fortaleza de pensamento e de realização».

Padre Quim