VINDE VER!

A Caridade em acção

A Obra da Rua foi inspirada na Caridade cristã. As suas raízes encontram-se no Evangelho em acção. O seu foco de luz direcciona-se para os mais necessitados da sociedade. Os pobres. As crianças. Os doentes. Estes últimos, na tentativa dos organismos sociais pretenderem tapar o sol com a peneira, são, hoje, apelidados de utentes. Como se de estranhos se tratassem quanto à realidade de outros doentes "ditos normais". A Igreja nutre um preferencial amor pelos que são marginalizados da vida social. Aquele que vier pedir razão da nossa existência, trazendo o uniforme da fiscalização, observe antes à sua volta e descalce as sandálias, porque o terreno que pisa é testemunha do milagre da vida que todos os dias é operado por Deus a estes filhos que nos mandou cuidar. Um dia pedirá contas desta administração, por isso os fazedores de leis não devem impor barreira aos fazedores da caridade. Esta última liberta e salva a outra escraviza e desumaniza, até mesmos os serviços sociais. Nas Casas do Gaiato alimentam-se os rapazes com as boas acções. Somos uma Obra que concorre para o bem comum. A nossa bandeira, tem as marcas da inclusão sócio-educativa, recuperando os que constituíam a vergonha do Estado. E hoje pergunto: - Onde estavam aqueles que hoje pretendem molestar as boas acções quando as crianças andavam pelas ruas da vadiagem abandonados à sua sorte? A Obra da Rua trata de educar, com base no amor e na confiança, para o exercício da responsabilidade, a fim de fazer de cada rapaz um homem, tendo como base a Família, que é o modelo da Obra. Não se trata de filantropismo, nem de altruísmo barato, sem fundamento n'Aquele que tudo sustenta. Não somos cana agitada pelo vento. Temos uma identidade que vem do Evangelho e isso nos basta - é tudo! O que passa disto vem do maligno. Primamos pela assistência em primeiro lugar e, seguidamente, a educação estabelece-se quase simultaneamente. Educar pressupõe a partilha de tarefas em função da idade e das capacidades de cada um, como em qualquer Família: - Há que dar hábitos de trabalho, atribuir-lhes deveres e obrigações a fim de contribuir para a vida comunitária. E o garoto é receptivo, gosta que lhe seja confiado algum dever. Muitas vezes, até, não sendo ainda altura para tal, quer desafiar os limites da idade e das forças físicas. O peso da história, deve ser considerado em matéria de educação de menores abandonados. Não pode ser moda inventada da noite para o dia. A educação faz-se com estabilidade do educando. Não será possível realizá-la enquanto for nómada o sujeito do projecto educativo.

A conclusão é de Pai Américo: Eu quero que o gaiato a meu cuidado se habitue a esta coisa simples e grandiosa - fazer a sua obrigação, e que desde pequenino, comece a obrigar-se a ela. Custa muito à criança, sim, obrigar-se a pequenas tarefas; educar é justamente contrariar, modificar a vontade do educando. O dar-lhes de comer é pretexto para educar; educação cívica, educação moral, educação religiosa.

Padre Quim