VINDE VER!
É tempo de educar
O contexto que se vive nos tempos de hoje é marcado por grandes desafios, afrontas e adversidades à mistura. O panorama educacional da actualidade não foge à regra. Em nossa Casa o rapaz goza de liberdade, até, muitas vezes, se fica com a impressão de que andam soltos demais pela Aldeia. A liberdade é um pressuposto irrenunciável de toda educação. Hoje nenhum processo de educação obterá futuro se as pessoas envolvidas não se situarem no interior de um espaço de liberdade. Tudo que está à nossa volta, aproveita-se para dar uma lição de educação ao rapaz. Certa vez, um homem veio pedir um espaço para ensinar artes marciais. Disse-lhe que sim, mas com a condição de que as actividades tivessem todas um fundo educativo pautando pela disciplina, ordem e respeito. O espaço verde e colorido que a mãe natureza nos oferece, trás consigo o sentido da beleza. Mesmo às portas de Novembro começam outra vez a florir as acácias. Estiveram estes meses todos cobertas de folhas. Com as temperaturas altas, nasceram uma espécie de botons entre os galhos e a ramagem, e o verde esperançoso cedeu o seu lugar ao rubro. E a avenida da capela ficou com mais cor e beleza. É tempo de calor, luz e sol em dias longos, de noites curtas. Benguela é assim por estas alturas do ano. A natureza é um dos "cinco amores" presente no dia-a-dia do pequenino em clara e notável ascensão dentro do nosso projecto educativo. As expressões "cinco amores", não são da minha autoria. Foi extraída do livro da Associação dos [nossos] Antigos Gaiatos e Familiares do Norte. Intitulado de forma mais realista e coerente em relação ao texto todo. E passo a apresentar "Esses caminhos que andamos..." no prefácio, o senhor Padre Júlio o apresenta como um trabalho feito com simplicidade, verdade e humildade... são testemunhos de quantos tiveram a felicidade de vir para as nossas Casas e andar juntos nos caminhos alicerçados pelas iniciais do nome do fundador da Obra: AMA. Qual imperativo mais original, o Mestre Eterno no-lo mandou construir sob o modelo de vida alicerçada na pobreza. O testemunho e a experiência de vida são importantes factores educativos para direccionar as jovens gerações: através do passado, aprende-se a caminhar como convém, firme e seguro na auto-realização.
A natureza tem vida e encontra-se em constante movimento, e apresenta desafios e barreiras a serem superados. O rapaz gosta de superação, de escalar a montanha, de querer subir e ser mais, de estar onde não estava anteriormente. E neste sentido de querer ser grande, a orientação é fundamental. Não aconteça que estando a apontar o caminho a seguir esteja ainda limitado a olhar para o dedo indicador. Querer subir? Sim, mas para onde? Querer ser grande? Sim, mas grande em que sentido? Querer fazer? Sim, mas fazer concretamente o quê? A orientação vocacional como proposta para ajudar a potencializar as capacidades do rapaz, em função das valências e insuficiências que os acompanham desde o tempo da rua pode ser uma pista florescente na fase derradeira de seguir a esquerda ou a direita, nas horas sublimes de tomada de decisão. O processo educativo é autêntico e fecundo quando existe discernimento, liberdade para tal e responsabilidade acima das duas anteriores. A conclusão é de Pai Américo: «Nós respeitamos absolutamente a liberdade de pensar e de dizer, inata na pessoa. Os rapazes podem dar as suas opiniões. É precisamente por isso que nós temos mais facilidades em conhecer, probabilidades em corrigir, maneiras de orientar. A liberdade é o maior [dom espiritual]. Deus cria o homem livre e respeita-lhe a liberdade. Chama feliz àquele que pode fazer o mal e não o faz; ao que pode transgredir e não transgride. Isto é: livre e libertino são palavras antagónicas. Eis a nossa escola «risonha e franca».
Padre Quim