VINDE VER!

Louvado sejas meu Senhor», cantava o pobre de Assis, em profunda comunhão com todas as criaturas. Qual melodia elevada ao mais alto do Céu, envolvia o universo em fraterna amizade. Notas vivas da irmandade, em expansão universal. Somos da mesma fonte de amor. O mesmo Senhor e Criador que tudo governa e rege. O louvor é cantado «pela nossa irmã a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verdura», e abundância de sementes para a prosperidade. Tudo o que vive e respira louva ao Senhor. O Santo Padre na sua segunda encíclica Laudato Si, com paterna solicitude convida-nos a renovar o diálogo iniciado no Cântico das Criaturas.

A lição dada pela mãe Natureza nos seus variados ciclos, serve para a nossa vida. Ela é factor de desenvolvimento ao proporcionar um ambiente saudável, florido para o processo educativo e civilizacional das jovens gerações. É a sala de instrução, formação e do progresso social e moral. A nossa vida em família acontece neste habitat natural; plantas, flores e frutos, juntamente com trabalhos e canseiras. As nossas florinhas estão no jardim do coração da nossa família do Gaiato - os nossos «Batatinhas». No Domingo, depois da Santa Missa veio a mãe do «Raul», visitar o filho. Há anos que não aparecia por cá. Explicou o motivo. Tinha sido vítima de uma doença prolongada. E debilitada como estava, apresentava os sinais da doença. Os meus olhos puderam nesta hora enxergar o amor daquela mãe pelo seu filho, de tão feliz que estava por ver o seu menino crescido, educado, feliz numa Casa que lhe oferece o melhor para o seu crescimento equilibrado. Ele mesmo na minha presença fez o relatório para a sua mãe. Na escola já sabe ler escrever e fazer contas. Às vezes engana-se quando é para distribuir os sambapitos aos outros irmãos. Mas isto sei eu, a mãe não sabe de algumas gaiatices feitas por ele. Mas com desejo da perfeição em efervescência! Na educação religiosa está a avançar, foi há poucos meses que recebeu os Sacramentos do Baptismo e o da Sagrada Comunhão. E continua na Catequese para o Santo Crisma. Na vida de trabalho doméstico, o rapaz tem a sua obrigação e por ela responde quando é chamado. O rapaz assim em crescimento saudável é uma flor a desabrochar. Pétala-a-pétala. Assim floresce a árvore toda. E como acontece às nossas avenidas em Novembro, a terra nos oferece o perfume e o colorido pendurados nas acácias floridas. A conclusão é de Pai Américo, se houve jamais no mundo uma força irresistível, são os braços abertos da criança abandonada.

Padre Quim