VINDE VER

Estudar e trabalhar

O desenrolar de um dia normal da vida da nossa família, através dos chefes- irmãos mais velhos, ou dos responsáveis da casa, soam repetidas vezes, a proposta da construção de um edifício humano cada vez mais seguro para suportar as demandas do amanhã. A pergunta continua a ser a mesma, quando se vai ajudar o rapaz a encontrar um emprego: o que sabe fazer? Neste saber fazer, queremos mais do que isso que o rapaz saiba ser e estar, dentro ou fora da Casa do Gaiato. O rapaz que tem um nome próprio, os seus deveres à mão por cumprir, quer o de estudar, como o de trabalhar, sem deixar de parte as outras dimensões fundamentais que compõem o quadro do projecto educativo de Pai Américo, é convidado a superar as suas insuficiências e potencializar os seus créditos e desenvolver as suas boas habilidades. Porque há também habilidosos para contrariar o bem dentro da seara imensa do trigo e do joio. Aqui temos, duas notas, dois verbos escolhidos, duas realidades, duas molas promissoras de bem-estar no processo de preparação e integração social da jovem geração. A educação da criança, adolescente ou jovem passa por uma questão de escolha do modelo que pretendemos seguir e dos resultados que queremos alcançar no futuro. Recorrendo às citações famosas de John Watson, psicólogo Norte Americano, levei tempo a digerir a seguinte afirmação: "dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu próprio mundo especificado para criá-las e eu vou garantir a tomar qualquer uma ao acaso e treiná-la para se transformar em qualquer tipo de especialista que eu seleccione - advogado, médico, artista, comerciante-chefe, e, sim, mesmo mendigo e ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, habilidades, vocações e raça de seus antepassados. "(John B. Watson, behaviorismo, 1930). A força do ambiente faz a diferença entre uns e outros. Mas não basta é necessário o treinamento, a disciplina, as regras de que está dependente o modelo. Por isso escola e oficinas são locais de frequência diária dos nossos rapazes, e compõem uma parte significativa do espaço educativo e do tempo da nossa actividade diária. À hora do terço foram chamados alguns faltosos para que corrigissem o seu mau procedimento em relação ao trabalho e ao estudo. Não há de momento outra garantia ou fórmula para o autogoverno do rapaz ao atingir a fase de deixar a nossa casa que não venha a passar por estes dois pilares. Não queremos que o rapaz se deixe infectar da doença da grandeza social, sem antes ter sido pequeno em matéria laboral. Quem começa pelo mais simples dos trabalhos vai fazendo o seu percurso até chegar ao cimo do monte. Então será justo merecedor do seu posto. A nossa aldeia deixa transparecer o ambiente saudável que a criança encontra nela. Avenida com o asfalto limpo, calçada nos acessos das instalações, os jardins dando a sua beleza ostentada pelas palmeiras imperiais. O campo de jogos. Os animais. As salas de estudo, o trabalhar a chamar o progresso e a prometer a prosperidade. A conclusão é de Pai Américo, «Tudo quanto está dentro dos nossos muros se aproveita: o mal para que se transforme. O bem para que melhore. Nós somos a seara imensa do trigo e do joio.»

Padre Quim