VINDE VER
Assistência e Reinserção Social
Deus concedeu-nos a graça de recebermos em nossa Casa o senhor Ministro que tutela o organismo do Estado ligado à assistência social. Foi um momento importante, sentimo-nos deste modo parte da família angolana, com direito de nos sentarmos todos à mesma mesa sem distinção entre pobres e ricos, grandes e pequenos. Foi numa tarde em que os rapazes andavam na escola e no trabalho, a sineta alertou para o fim das actividades e reunidos à volta do cruzeiro, foram entoados cânticos de boas-vindas. O chefe-maioral é o mestre de cerimónias nestas ocasiões. Prepara o grupo, executa os números cheios de criatividade. Faz e faz fazer! A coreografia montada sobre a base do cruzeiro explodia com voz de trovão: de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes. A comitiva ministerial estava ali suspensa, de olhos presos e semblante comovido. A mais alta entidade falou em nome do Ministério que dirige, palavras cheias de carinho e de reconhecimento pelo papel social que a Casa do Gaiato representa para a Nação inteira. «Não se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas em lugar onde possa brilhar para todos», atesta o Evangelho. Desta visita ficou a esperança. E como estamos em tempo das vacas magras, encaixa bem, neste contexto, a metáfora dos barcos a partirem no meio da tempestade. Mas um só permaneceu. Era o barco da esperança.
Novos Rapazes entraram na casa dos dezasseis anos de idade, altura em costumam ser encaminhados para as oficinas da nossa Casa, para a sua formação técnico-profissional, tendo em vista a sua possível inserção social condigna. Queremos que o Rapaz seja no futuro um homem que coma o seu pão com o suor do seu rosto e sinta o sabor do sacrifício de o conseguir honestamente. O Rapaz não pode ser visto como uma vítima do passado. Ele, sim, tem potencialidades que postas arender podem dar muito fruto. «Ora trinta, ora sessenta, ora cem», conforme as diferenças de capacidade e do esforço despendido, aliado à força de vontade. Sem esta última, dificilmente se avista o progresso.
O primeiro século do terceiro milénio é portador de novos desafios, sobretudo no campo da educação. As engenharias todas juntas, não são comparáveis com a tarefa de educar: onde o incerto e o oposto se impõem; onde o educador suplica para tirar frutos da sua acção educativa; onde o educando julga estar a prestar um favor, um "frete" ao educador; onde a tecnologia alicia... Onde as redes... Onde as tecnologias de informação computorizada se apresentam como mestras, até de conteúdos deseducativos. O educador é hoje um herói que conquista batalhas no terreno interior do ser humano. É um engenheiro calejado ao serviço da maior arte que o mundo já conheceu - a arte de educar. A Escola, só, não garante futuro. Há outras valências a ter em conta, a profissão é uma delas. O amor ao trabalho é outra. A humildade é quase meio caminho andado.
O «Venâncio» e o «Raimundo» deram entrada numa oficina
nos arredores do Lobito, cidade ferro portuária. Se os rapazes quiserem,
teremos dois futuros mecânicos. Sem este se, no condicional, nada mais se pode
fazer. Nós queremos o melhor para os nossos Rapazes, queremo-los honestos e
trabalhadores, responsáveis e colaboradores da causa do bem. O mestre é
rigoroso e tem fama de bom educador. Quer os seus aprendizes com bons
princípios para a vida. A conclusão é de Pai Américo: «Irão aos dois, com a
boroa na saca, quais filhos de família, apanhar sol, chuva e ripadas. Aprender
a comer o pão com o suor do seu rosto, não venham a provar, amanhã, do que o
diabo amassa.»
Padre Quim