Vinde Ver
De Crianças, para Crianças…
Celebrámos o 16 de Junho, Dia da Criança Africana. Vários grupos vieram festejar no ambiente natural da nossa
Aldeia, aproveitando a tranquilidade, o sossego e a paz para a realização das
suas actividades. Um dos momentos ficou marcado pela generosidade de um dos
grupos de meninos e meninas de uma escola vizinha da nossa Casa, que nos
surpreenderam com a oferta que nos fizeram. Na sua festa também estavam
presentes, espiritualmente, todas as outras criança que vivem no meio de
grandes dificuldades. Há no coração da criança tesouros escondidos aos olhos
dos adultos. A frase de Antoine de Saint-Exupéry enquandra-se perfeitamente
aqui nesta passagem: "o essencial é invisível aos olhos só se vê bem com o
coração". Este bem que vem do interior da criança virá a ser maior, se a
sociedade colaborar, cooperar, com meios eficazes de educação apropriada à
idade e aos contextos em que a criança está envolvida. A escola hoje não dá
tudo. "Não podemos ensinar, apenas podemos facilitar a aprendizagem",
afirmava Carl Rogers, autor da teoria da aprendizagem centrada na pessoa. A
família tem uma grande responsabilidade nesse processo. O trabalho de casa, bem
feito, é que marca a diferença. A representação que a criança faz quando
pertence a um grupo, reflecte o quadro familiar.
A nossa África, sofrida nas entrelinhas em que se encontra descrita na sua verdadeira história, procura arrumar a casa para garantir estabilidade e autonomia aos seus filhos, na condução do seu percurso junto dos outros povos do mundo. Nestas paragens do globo, a criança é vítima dos inúmeros conflitos e convulsões sociais. Desde muito cedo são sujeitas a experimentar o desconforto de uma infância insegura e, muitas vezes, traumatizante, que compromete a saúde mental para o resto do desenvolvimento humano. Grande parte das crianças passa fome, quer nas ruas dos grandes centros urbanos, quer no interior das aldeias, onde os campos foram abandonados com a chegada ilusória dos mercados ambulantes. A falta de pão para os necessitados, representa a fragilidade das instituições sociais, que assim deixam escapar uma grande oportunidade para exercitar o humanismo.
Numa edição da Audácia, do mês de Dezembro de 2012, vinha a seguinte expressão: "Cada criança é um sorriso de Deus". E como é encantador ver este sorriso em cada uma das crianças, mesmo vivendo em situações difíceis, em que arrancar um sorriso no rosto significa quase um acto de coragem, do que propriamente motivado pela alegria.
A criança encanta o mundo!
Juntos vamos assegurar o seu crescimento saudável e integral. A conclusão é de Pai Américo: "Pela graça de Deus, muito encostadinho a ela, qualquer mortal pode erguer um irmão da lama sem se sujar".
Padre Quim