UMA PALAVRA DE ESPERANÇA

Ao mergulhar na Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 do Papa Francisco, "Spes non confundit – a esperança não engana" (Rm 5,5) e vendo e ouvindo as novas exigências que a Obra da Rua está a passar nos últimos tempos, veio-me em mente mais uma vez o quanto a esperança é a força para superar com sabedoria e humildade todas essas exigências. "Penso em todos os peregrinos de esperança, que chegarão a Roma para viver o Ano Santo e em quantos, não podendo vir à Cidade dos apóstolos Pedro e Paulo, vão celebrá-lo nas Igrejas particulares" (n. 1). Esse convite do Papa Francisco é também para a nossa Obra; Obra esta que é de Deus. Somos todos convidados a sermos peregrinos de esperança; em não termos medo de caminhar e sonhar por um futuro melhor da nossa Obra da Rua. Somos todos convidados a esperar. Talvez alguém se estaria a questionar: "Esperar até quando? Não sei! – Digo eu. Mas o que eu saiba é que a esperança não engana. Ela não é uma mera ideia ou palavra abstracta, é sim uma Pessoa – o Filho de Deus vivo que veio ao mundo para ser Deus connosco e "porta" de salvação. Segundo o Papa Francisco, a esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: Ele que deu a Sua vida por amor para nos reconciliar com Deus e sermos salvos por Ele (Rm 5, 10). Portanto, ao mergulharmos nesse amor que é ao mesmo tempo trinitário, somos fortalecidos pelo Espírito Santo que é a relação desse amor. A Palavra de Deus ajuda-nos a compreender melhor isso. Deixemo-nos guiar pelo que o apóstolo Paulo escreve concretamente aos cristãos de Roma: "Quem poderá nos separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (…). Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças àquele que nos amou (Rm 8, 35.37). São Paulo, ensina que a vida é feita de alegrias e sofrimentos, que o amor é posto à prova quando aumentam as vicissitudes e a esperança parece desmoronar-se diante do sofrimento. No entanto, são muitos os ensinamentos que o apóstolo nos quer transmitir, e aqui uma coisa é certa, diz o Papa Francisco: "a tribulação e o sofrimento são as condições típicas de todos aqueles que anunciam o Evangelho em contextos de incompreensão e perseguição" (n. 4). A nossa Obra da Rua, estando enraizada no Evangelho, é uma luz que para muitos é um incomodo por ajudar pessoas a se libertarem de certas ideologias que ofuscam a mente humana. É triste. Mas é a realidade! Somos todos convidados a velar pela Obra e desafiados a provar o nosso amor por ela: seja gaiato, padre da Obra, benfeitor/a, amigo/a da Obra, etc., todos, todos, todos, somos convidados e desafiados. Portanto, só conseguiremos provar concretamente esse amor se estivermos unidos (visto que a união faz a força), se procurarmos mais dar propostas do que criticar e se o amor pela Obra da Rua que tem a sua fonte e cume em Deus pelo Seu Filho no Espírito Santo for a razão da nossa esperança.

Paulo Domingos (Seminarista

de Malanje e Gaiato, agora em Setúbal)