UMA "MÃE" PARA A CASA DO GAIATO DE SETÚBAL
O apelo mais profundo de cada criança pelo amor de mãe era entendido claramente pelo Pai Américo: "Ora o menor quer e procura e espera a sua mãe. Não a tendo, ou tendo-a e não servindo, que a Obra aonde se encontra lhe seja mãe, ele será naturalmente feliz!" (A Porta Aberta, 2ª ed., p. 51)
Também neste contexto e com as exigências cada vez maiores no processo educativo e de crescimento das crianças, particularmente das que surgem em famílias disfuncionais ou plenamente ausentes, a questão do envolvimento maternal permanece hoje, tal como no passado, uma matéria nuclear. Querendo nós que as nossas Casas do Gaiato sejam verdadeiras famílias, temos de ter verdadeira consciência da indispensável presença de alguém, que não substituindo biologicamente quem trouxe à luz do dia, é fundamental para que haja um ambiente familiar complementar, essencial para o crescimento harmonioso das nossas crianças e jovens, particularmente daqueles que não tiveram a possibilidade de experienciar o amor e carinho de uma mãe.
Quando se fala neste tema, e no âmbito das nossas Casas, ser mãe é uma verdadeira missão de dedicação e entrega plena, e que só resulta quando existe uma verdadeira vocação. Podemos dizer que ser mãe é a vocação originária da mulher, um desafio do próprio Deus à maternidade, não limitado ao plano biológico. É algo muito maior do que simplesmente gerar um filho para o mundo. E aquela que não pode gerar filhos pode ser mãe, exercendo a chamada "fecundidade do coração"1.
Mas convenhamos, ser mãe nos dias de hoje não é nada fácil. A cultura contemporânea não fornece um clima adjuvante, e tal como em qualquer família, ser mãe é um desafio agora mais avassalador do que outrora. É preciso saber educar, ser amiga e companheira, sempre acompanhando os passos e a evolução dos filhos. Estar actualizada nas mudanças e novidades do mundo em conexão permanente, a era digital, disponível para atender aos vários estados emocionais e tudo o que o mundo oferece gratuitamente aos nossos pequenos são, definitivamente, responsabilidades suas. Afinal, o futuro deles depende da base do que construiremos ao longo do caminho.
Precisamos pois de uma pessoa, com ou sem formação profissional, mas com esta solicitude e dimensão espiritual da fecundidade que se abra à maravilhosa missão de partilhar a sensibilidade, o amor e o carinho pelos nossos rapazes...
1 - cf.https://formacao.cancaonova.com/familia/maternidade/os-desafios-de-ser-mae-no-seculo-xxi/.
Padre Fernando