UM ACHADO
Vasculhando correspondência antiga, encontrei carta de Pai Américo, datada de 1950, dias após eu ter sido internado numa casa de saúde. Ei-la:
«Paço de Sousa, 30-1-50
Manuel:
Estive ontem aí, mas não te pude visitar por serem horas de silêncio.
Deixei a tua mala e roupas. Mando agora 50$ para a tua algibeira. Também deixei um crucifixo para o teu leito. Todos te saudam.
Teu amigo
P.e Américo!»
Carta de Pai Américo para filho que esteve hospitalizado durante meses.
Muitas vezes que ajoelho em prece, fecho os olhos e imagino Pai Américo: alto, de batina preta e chapéu de palha. Mãos atrás das costas, umas vezes, outras, braços cruzados ou mãos nos bolsos! "Vejo-o" na varanda da casa-Mãe, andando de um lado ao outro, rezando... Bom Pai que o Senhor chamou aos 68 anos, em 1956.
Direi que o crucifixo que Pai Américo me levou ainda se mantém na cabeceira da minha cama!
Curado e com alegria, regressei à nossa Aldeia de Paço de Sousa, em 1951. Por tudo, graças a Deus e grato a Pai Américo!
Manuel Pinto