SINAIS

A última esperança longe dos portugueses caiu… Fugiram para o quartel para salvar a vida. «Vamos fugir mesmo com o coração cheio de angústia».

Tudo acabou. Em todos a ideia de entrar na coluna que o exército português estava a organizar em direcção aos aeroportos de Nova Lisboa e Luanda com o fim de arranjar boleia para Lisboa. «Mãos vazias – sem nada».

Leio um texto de um grande livro: «Crime sem castigo» do nosso amigo Luís Rodrigues.

«Começaram a sair as primeiras colunas. 120/130 viaturas cada, com destino a Nova Lisboa ou Luanda.

Ao sair de Malanje, a última visão que retive foi uma parte do Palácio do Comércio com marcas de incêndio e, mais à frente, na encosta do hospital, alguns mortos em posições grotescas.

A população angolana, que assistia à nossa partida, olhava silenciosa, incrédula e estupefacta, braços caídos e olhar espantado sem qualquer gesto de hostilidade».

Na mesma coluna foram os nossos «Batatinhas» – acompanhados pelo Júlio e sua esposa Joaquina — para a nossa Casa de Benguela. Chegaram bem.

Padre Telmo