
SINAIS
Quem semeia colhe. Esta é a primeira verdade. Mas a segunda é maior: só colhe quem semeia.
Pai Américo
O "meu secretário" senta-se ao meu lado e diz:
— Escreveu para o jornal?
— Ainda não, respondo.
Vou tentar alinhar as ideias. Estou em branco. Os meus 100 anos não perdoam. O meu amor ao nosso querido Jornal também não perdoa.
Começo... A caneta treme na mão. Vou falar-vos deste grande amor ao nosso Jornal «O Gaiato». Pai Américo viveu este amor. Era uma loucura a sua escrita! Sinto que todos nós te amamos. Os que escrevem e os que lêem.
Enquanto jovem, no seminário em Bragança, fiquei a conhecer-te. A irmã do meu colega Virgílio, todas as quinzenas, lhe trazia «O Gaiato». Ele lia-te e depois voavas para o meu quarto por debaixo da porta. Eras proibido! Eu lia-te às escondidas. Mas eras uma iluminação. Foste entrando na minha vida, sem sequer pedir licença e eu deixei. Deixei e deixo. Ainda hoje é assim. Obrigado.
Pai Américo sabia onde lançar as sementes, que anos mais tarde dariam frutos. Cada quinze dias a mesma consolação. A leitura d'O GAIATO. Foi assim que me apaixonei.
Padre Telmo