
SINAIS
Quando eu era menino e acompanhava meu pai ao campo ir por trás pondo as minhas pegadas nas suas pegadas impressas no pó dos caminhos. Nos caminhos de poeiras ficavam nas suas grandes pegadas as minhas pequeninas. Não soube se ele dava por elas… Eu sentia prazer no jogo inocente. Tantos anos e ainda as minhas pegadas estão vivas no pó dos caminhos! A nossa escola tinha dois salões, meninos e meninas. Um senhor professor e uma senhora professora. Depois das grandes chuvadas íamos ouvir o Douro no rugido dos seus cachões.
Feita a quarta-classe nossos pais levaram-nos para a cidade para estudar. Não mais fomos ver o Douro. Ele ficou lago sem cachões. Muitas aldeias ficaram desertas. Só os velhinhos sentados nos bancos de pedra que ladeiam as ruas.
Depois de vir de Angola, o meu coração encheu-se de mais uma alegria: uma visita inesperada. O Senhor D. Jaca, Bispo de Benguela, e Amigo da nossa Casa e do nosso Padre Quim, passou no Calvário para nos visitar. Recordo o seu pai, catequista no Qéssua. Frequentemente visitava a nossa casa de Malanje e levava o menino, que, entretanto, cresceu. Foi ordenado sacerdote nos missionários do Verbo Divino. Estando em Portugal veio a Beire para estar connosco. Também o veio cumprimentar o nosso Padre Júlio. Damos graças a Deus por ele e pela sua missão apostólica. Muito obrigado Senhor D. Jaca, pela sua amizade e preocupação com as nossas Casas do Gaiato em Angola, agora que fazemos 60 anos.
Padre Telmo