SINAIS

Pai Américo, naquele banco de jardim, em Paço de Sousa onde se costumava sentar, fechava os olhos e pensava nos rapazes e doentes. Rapazes sem família e sem pão. Doentes incuráveis, sem esperança, sem família e sem leite. O céu ficou escuro e começaram gotas de chuva. Pai Américo fugiu à chuva, mas não ao seu lindo sonho: doentes pobres e incuráveis. O sonho ficou semente e ficou a germinar. Nasceu, foi vida, foi luz. Quem não gostou e fechou os olhos à luz?

Padre Baptista entrou no sonho.

Na parte agrícola da quinta do Calvário, nasceu a primeira capela. Pai Américo esteve na inauguração e na mesma tarde seguiu para Lisboa. Aconteceu, perto do Porto, o desastre que o levou para o hospital e logo para o Céu.

Padre Baptista começou a sonhar edifícios, projectou e edificou. Assim nasceu o Calvário.

Centenas de doentes passaram pelo Calvário e repousam no cemitério feito para eles.

Sou testemunha do carinho que os nossos doentes receberam nas suas vidas e na bênção final. Repousai em paz, meus irmãos.

Que Deus perdoe a injustiça feita ao pai do Calvário. Ainda hoje sofre, no seu isolamento do Cabril.

A justiça de Deus é tão diferente da nossa pobreza.

Padre Telmo