SINAIS

Na secretária de um amigo vi uma revista com a foto de Pai Américo e, na capa, em letras grandes: Padre Américo - a ternura de Deus. Sim, espelho fiel que soube transmitir esta ternura.

Ainda criança, ele conseguia tirar algumas coisas à mãe, para levar aos pobres. Sua ternura pelos pobres e com as crianças foi a primeira pedra do alicerce da Obra da Rua.

* * *

Padre Américo teve um sonho, sonho lindo e cheio de ternura: um lugar para doentes incuráveis e pobres. Ele morreu. P.e Baptista abraçou o sonho. Projectou edifícios, ruas, jardins, matas e fontes. Começou a receber doentes: ele o padre, senhoras da Obra e voluntários - lavavam, vestiam e davam de comer aos doentes. Como? Não há assalariados? Ternura de Pai Américo gerou ternura em tantos corações.

Surgiu o problema da sepultura para os que iam falecendo... P.e Baptista construiu um cemitério.

O cemitério do Calvário. Na entrada, numa lápide, a poesia:

Cemitério branco e liso

Varrido do vento norte

Ai que limpeza de terra

Ai que limpeza a da morte.

Tão limpo e tão liberto.

Àqueles que aqui estão

Porque lhes chamamos mortos?

Vivos sim e mortos não.

E o vento bem o sabia

Quando por aqui passava.

Era por mim que pedia

E não por eles que rezava.

* * *

Por intervenção dos serviços sociais, fizemos obras de requalificação que estão a chegar ao fim. Os doentes foram retirados pelos serviços sociais. Eles prometeram entregar, no fim das obras, os doentes que quisessem regressar.

Esperamos. São da nossa família. Filhos da ternura de tantos corações apaixonados.

Padre Telmo