SINAIS
Não me recordo o ano. Foi num Natal, na nossa Casa do Gaiato, em Malanje, Angola.
Disse aos nossos meninos que não tínhamos dinheiro para prendas nesse Natal. - Fazei os vossos carrinhos de alpercatas velhas. Teremos uma corrida com os vossos carrinhos e uma grande prenda para o vencedor.
Foi um delírio e oficinas de carros em todos os cantos!
Como em todos os Natais, o nosso Fernando Dias orientou o Presépio, feito por eles de barro amassado e desde o Menino Jesus ao rei Herodes. Uma maravilha!
Veio o Dia de Natal. Depois da Santa Missa, beijamos o Menino (meninos beijaram o Menino!).
O almoço foi maravilhoso! Começou o delírio da corrida de carrinhos. Cada um treinando já no largo da nossa Aldeia.
Como de costume, a zona da nossa lagoa estava cheia de visitantes.
Os nossos meninos testavam os seus carrinhos. Um delírio!
Nisto, o choro de uma criança da cidade - choro em gritos ansiosos. Tinha recebido como prenda de Natal um automóvel teleguiado.
Os pais aflitos vieram ter comigo: - O nosso filho grita e chora. Ele quer um carrinho igual ao dos seus filhos.
Chamei um gaiato, falei-lhe na aflição do menino e ele foi oferecer-lhe o seu carrinho. Fiquei feliz e comovido e os pais do menino, com um olhar de admiração, sorriram felizes.
Tocou um apito. E o menino chorão correu para entrar na fila do concurso.
Um gaiato da terceira classe ganhou o primeiro prémio. O segundo e o terceiro foram também contemplados.
A corrida foi um sucesso.
Os nossos visitantes admiraram o nosso Presépio, feito pelos nossos rapazes. Natal feliz.
- O Menino Jesus está a sorrir -, disse um velhinha. Por certo que sim.
Padre Telmo