
SINAIS
Se te disser que o nosso Calvário foi um lago de águas claras com margens de beleza?! Foi coberto por grande lona... Ficou fora o nosso cemitério, onde repousam novecentos doentes. Entrei lá no Dia de Fiéis Defuntos. Rezei e li mais uma vez a poesia da nossa amiga Lala, impressa numa laje de granito:
Cemitério branco e liso
Varrido pelo vento norte.
Ai que limpeza de terra.
Ai que limpeza a da MORTE.
Tão limpos e tão libertos
Aqueles que aqui estão.
Porque lhes chamamos mortos?
Vivos sim e mortos não.
E o VENTO bem o sabia,
Quando por aqui passava.
Era por mim que pedia,
E não por eles que rezava.
Lembro o nosso P.e Baptista. Recordo a última chegada com um doente.
- Sabes onde vivia este irmão? E continuou: Numa cortelha de um porco. Ali comia e dormia na palha. Com a ajuda de um voluntário, levou o nosso doente para o lugar dos homens.
Hoje o P.e Baptista vive na sua aldeia do Cabril e recebe as refeições de um Centro de Dia.
Fechamos o Cemitério com jeito e em silêncio. E caminhamos com alguns doentes para o Calvário.
As obras do Calvário estão quase no fim. Será um novo começo? Necessária a presença do nosso pai Américo.
Padre Telmo